Tópicos da Monadofilia (filosofia cristã)

APRESENTAÇÃO: Ao observar meu próprio interesse com a Educação como a melhor forma de prestar serviço ao próximo mas, ao mesmo tempo, que não consegui acreditar nos esquemas de ensino que existem, que ao meu ver só contribuem para a perpetuação da condição da escravidão espiritual humana, busquei desenvolver a melhor filosofia cristã que eu poderia produzir com a intenção de servir ao próximo da melhor maneira que eu pudesse. Peço a Deus que nos proteja a todos, nessa busca da verdade, de qualquer escândalo que possa prejudicar a fé de quem quer que seja.

  1. INTRODUÇÃO
    1.1. Definição: Monadofilia é uma filosofia cristã que propõe o Amor pela Unidade, que é a forma e a bondade do Ser. Sendo a Singularidade inefável senão para um Intelecto infinito (divino), a única relação possível entre o ser finito e o infinito é o de amor como contemplação, confiança e repouso, atos antes volitivos do que intelectuais. O Uno, que transcende infinitamente, na sua completude, a capacidade de um intelecto finito, só pode ser objeto de Amor e não de Gnose. Seu conhecimento sempre se expande, da parte do intelecto finito, mas nunca alcança aquilo que a vontade completa por sua crença voluntária sobre a essência da Unidade. Daí o moto da Monadofilia ser: Coram Uno Amor Tantum (Diante do Uno, apenas o Amor). Uma Unidade cognoscível ao ser contingente perderia sua essência e integridade, e se reduziria apenas a uma imagem do Ser da Unidade, como ocorre com as idolatrias da Natureza e do próprio Homem. O Uno só pode ser conhecido, assim, através do amor que completa por desejo voluntário aquilo que o intelecto finito alcançou no seu limite. Essa é uma aplicação direta das súmulas do Evangelho: “Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11:27), “Ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (Jo 14:6), “A vida eterna é esta: que eles te conheçam, a ti, o único Deus verdadeiro, e àquele que enviaste, Jesus Cristo” (17:3), “Eu lhes dei a glória que me deste para que sejam um, como nós somos um: Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que me enviaste e os amaste como amaste a mim” (Jo 17:22) e “Eu lhes dei a conhecer o teu nome e lhes darei a conhecê-lo, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles” (Jo 17:26). A Monadofilia se realiza concretamente antes de mais nada na forma de amor-próprio (M. Primeira) que descobre a amabilidade do eu e o limite contingenciado da sua capacidade de alcançar um bem, o amor a Deus (M. Maior, ou Primeiro Mandamento) que soluciona o limite interno do amor-próprio, e amor ao próximo (M. Menor, ou Segundo Mandamento) que reconhece no outro um eu tão amável e destinável ao amor a Deus quanto a do nosso eu próprio. Todo amor é amor à Deus. Os objetos contingentes do amor são apenas veículos da Bondade divina que contém exclusivamente toda a amabilidade possível. Assim, no amor próprio da Monadofilia Primeira descobrimos o amor a Deus na forma do amor pela própria integridade e amabilidade do eu. A integridade é percebida pela continuidade do sujeito diante da simultaneidade e da sucessividade das Percepções, e a amabilidade pela Apetição das Percepções. Amando em si a imagem e a semelhança a Deus, iniciamos a descoberta do amor a Deus. No caso do amor ao próximo, a idéia de que João ama Maria significa, elipticamente, que João ama a Deus na forma de Maria como reflexo de João. ♥
    1.2. Objetivos e Programa: Produzir a melhor teoria que explique o sentido total da condição existencial presente do ser humano, e a melhor prática para a ação humana responsável e feliz de acordo com essa teoria. O programa de trabalho consiste em apresentar esta Introdução, as Liberdades Iniciais (pré-requisitos), os Conceitos Básicos (o que é a Mônada), os Conceitos Avançados (como opera a Mônada), e os Temas Teológicos (revisão especulativa da história revelada). ♥
  2. LIBERDADES INICIAIS
    2.1. Liberdade Primeira (Contra a Libertinagem e o Costume): O Costume, que protege contra o mal maior da escravidão da Libertinagem (o desejo da Liberdade sem a busca do Bem), se torna ele próprio uma forma de escravidão que aliena a verdadeira Liberdade que é a de não agir senão voluntariamente e de forma consciente e responsável. Livre não é quem faz tudo o que quer, e nem quem aliena sua vontade à uma vontade exterior, mas quem domina a própria vontade sem se deixar escravizar por nada, nem pelo desejo e nem pelo Costume. Livre é quem vive pela Graça, sem ser escravo nem do Pecado e nem da Lei. A prática do Costume gera a falsa segurança da autoimagem de um papel social em substituição à verdadeira liberdade, explorando a insegurança psicológica derivada da indeterminação da singularidade monádica, enquanto a alma ainda não possui a firmeza da confiança no Amor divino. O aceite voluntário dos pesos autoimpostos pela crença no valor benéfico dos costumes oprime a alma e a impede de considerar a verdade do Amor, já que a mentira dos falsos bens foi comprada ao caro preço de muitos sofrimentos e sacrifícios. Quem deseja contemplar as proposições da Monadofilia deve possuir tempo livre para estar desocupado em paz, para ser nutrido na liberdade e no ócio, o que não é possível sem o Realismo Responsável que aceita apenas a determinação dos Deveres de Estado, sem a invenção de ficções. A Filosofia não é um privilégio, mas uma responsabilidade. Exige a dispensa, pela liberdade anterior, às várias ambições que são contraditórias com a busca da verdade e o amor pela sabedoria divina. Requer a paciência de suportar a separação e, portanto a indiferença, o desprezo, etc. A nutrição a partir do Intelecto divino requer a abertura interessada que se baseia numa integridade moral que se reflete na honestidade, na entrega, na renúncia às glórias do mundo, etc. A liberdade primeira é interior, e depois exterior: liberdade contra as ilusões do mundo. Esta é uma experiência da guerra do Amor contra o Poder: a vitória do desejo de contemplar o Ser sobre o desejo de dominá-lo. Esse conflito já antecipa a superação da Dialética do Ouroboros que captura os instintos de obediência e rebelião para impedir a verdadeira Liberdade através, respectivamente, da escravidão da Libertinagem e do Costume. ♥
    2.2. Liberdade Segunda: Liberação contra os cultos de falsos objetos de crença que bloqueiam a futura admissão da TMSB.
      2.2.1. Contra o Nada (Niilismo): A crença no não-ser, ou no Nada, é impossível desde que a sua consideração sempre parte de algo que tem alguma participação no Ser. Além disso, é necessário afirmar preliminarmente a bondade do Ser pelo corolário da razão de qualquer condenação possível do Ser: se seria melhor o não-ser, é porque algum ser possível seria mais conveniente, portanto o desejo pelo não-ser é o desejo pelo ser. ♥
      2.2.2. Contra o Caos (Cacolatria): Impossibilidade de se validar a primazia do Caos desde um intelecto que só compreende o que é ordenado, além da improbabilidade de que de um plano superior menos ordenado, ou não ordenado, possa ter saído um plano inferior que tenha relativamente maior ordem interna, pela tendência decadencial de qualquer sistema (entropia). O Caos é um conceito derivado da recusa da Humildade diante da ignorância, gerando sobre o Ignorado, na perspectiva antropocêntrica, a projeção de um suposto elemento caótico por estar além do campo da nossa inteligibilidade. O mesmo ocorre, também psiquicamente, na projeção psicologista do chamado Inconsciente. A abordagem espiritualmente humilde (teocêntrica) do Ignorado é aquela que o trata não como Caos ou Inconsciente, mas como Mistério. ♥
      2.2.3. Contra a Natureza (Naturalismo): Submissão de qualquer ordenamento de uma Lei Natural à uma instância transcendente que produza essa ordem sem ser limitada ou definida por ela. Inclui a escravidão aos psiquismos fatalistas de esquemas simbólicos como os da Astrologia, Psicologia, etc. As categorias aprendidas pela experiência das Causas Eficientes devem ser repensadas como modos contingentes de produção de seus efeitos, especialmente as categorias de Causalidade, Irreversibilidade e Escassez. As únicas Causas Eficientes necessárias devem ser aquelas imediatamente vinculadas à produção de efeitos que contenham bondade inerente nos objetos da Percepção, ou seja, à serviço exclusivo das Causas Finais. Evita-se, assim, a grande tentação da Idolatria naturalista que atribui falsamente bondade a qualquer manifestação que não seja inerente boa enquanto objeto de Percepção, e separa-se os meios contingentes das finalidades que se justificam eternamente, por exemplo: separação da propriedade nutritiva dos alimentos da satisfação do paladar, ou a separação da capacidade reprodutiva do uso dos órgãos sexuais para a satisfação do tato, etc. ♥
      2.2.4. Contra o Homem (Humanismo, Antropolatria): Sendo o homem presente necessariamente ignorante, fraco e mau, em qualquer escala ou medida que seja, a sua forma substancial possui uma definição que é incompatível com qualquer ideal de passado ou de futuro que viole esse limite. ♥
  3. CONCEITOS BÁSICOS
    3.1. Substância Simples: Unidade ontológica ou metafísica sem partes, necessária para qualquer composição possível de ser ou manifestação. Também chamada de Mônada. ♥
    3.2. Relação entre o Uno e o Múltiplo: A Unidade, sendo a forma do Ser, possui como matriz, em sua singularidade, a potência infinita de qualquer ser derivado de sua substância, ou seja, de todas as formas da Multiplicidade. ♥
    3.3. Propriedades e Operações da Mônada Indiferenciada: O que a Mônada faz.
      3.3.1. Intelecto-Percepção: A Mônada intelige, à partir da sua Unidade, a si própria como objeto de Percepção. Seu Intelecto produz a sua Percepção. ♥
      3.3.2. Vontade-Apetição: Sendo o Bem a forma do Ser, A Mônada deseja perceber a si mesma. Sua Vontade produz a sua Apetição, que é o amor pelo que é bom. ♥
    3.4. Mônada Incriada: O Ser Absoluto, Deus.
      3.4.1. Infinitude: Possui a infinita capacidade de realizar seu Intelecto e, portanto, também a sua Vontade. O Ser Infinito é necessário desde que qualquer ser seja evidenciado na sua contingência, desde que se o Limite que determina qualquer ser particular não pode fazer parte da sua Forma, deve haver uma Substância Primeira infinitamente em Ato que determina todos os demais possíveis, ou nenhum ser jamais seria atual. ♥
      3.4.2. Suficiência: Realiza a Percepção e a Apetição em si mesma de forma total, e assim conhece e é conhecida em si mesma, e ama e é amada em si mesma (possui luz própria). Como tanto sujeito quanto objeto dos atos de conhecimento e de amor precisam ser reais, a suficiência da Mônada Incriada implica na constituição do Deus Triuno, Pai, Filho e Espírito Santo. ♥
      3.4.3. Imobilidade: Realizando-se em si mesma plenamente, não se move da potência ao ato. Não muda porque não precisa mudar, de modo que toda atuação fora de si mesma é por total gratuidade (amor puro). Toda criação é absolutamente analógica, em nada modificando o Ser da Mônada Incriada, por existir cada qual em sua própria Singularidade exclusiva e separada. ♥
    3.5. Mônada Criada: O ser criado que, sendo real, deve ser uma mônada.
      3.5.1. Finitude: Possui Intelecto limitado, capaz de realizar uma Percepção limitada, tanto quanto uma Vontade limitada, capaz de produzir uma Apetição também limitada. ♥
      3.5.2. Insuficiência: Não atualiza sua potência por si mesma, dependendo do movimento criativo da Mônada Incriada que realize sua Percepção e Apetição. Precisa ser criada e mantida em operação pela substância divina (não possui luz própria). ♥
      3.5.3. Mobilidade: Por perceber e apetecer dentro de seu limite, move-se da potência ao ato de seu Intelecto e Vontade, produzindo sucessivas percepções que são também sucessivamente apetecidas. Gera em seu Intelecto as dimensões necessárias para a função da sucessividade, como tempo, espaço, etc. ♥
    • 3.5.4. Mútua Representação: Como não percebe nada fora do seu próprio reflexo, a iluminação divina garante, através de um equivalente à Harmonia Pré-estabelecida de um sistema mecanicista, a correspondência das percepções equivalentes para as mônadas criadas que participam de uma mesma realidade. ♥
  4. CONCEITOS AVANÇADOS
    4.1. Teleologia Metaracional do Sumo Bem (TMSB): Admissão da conveniência intelectual do Bem como forma e causa final do Ser cuja demonstração é impossível desde que a Mônada Incriada não pode ter sua essência conhecida pela mônada criada, sendo portanto objeto de Vontade, antes do que do Intelecto, objeto de contemplação amorosa, e não de conhecimento. Dado, porém, que a forma substancial da própria mônada criada possui a Vontade que produz a Apetição, convém que o Ser corresponda a esta propriedade. Pelo autoconhecimento o ser criado reconhece no Incriado o que convém que dele seja postulado, ainda que jamais possa ser dominado, isto é, o seu amor criativo. Desse conceito derivamos o do Idealismo Transcendental que exige, pela combinação da TMSB com a Monadofilia Primeira, o imediato reconhecimento da tremenda limitação, corrupção e decadência da presente condição humana em face do ideal inspirado em nós pelo Espírito Santo. ♥
    4.2. Coruscância: A plenitude da realização da mônada criada, e o seu destino, é a perfeita adequação da sua Percepção à sua Apetição, e da sua Apetição ao que lhe convém (“querer o que de deve e ter o que se quer”), o que requer que a Mônada Incriada lhe propicie essa realização por comunhão com a sua infalibilidade. Isso é a vida eterna, ou paradisíaca, também chamada de Salvação: a sucessão ilimitada das percepções adequadas às apetições da mônada num estado de perfeição. ♥
    4.3. Eleuteriodiceia: Como o estado paradisíaco da Coruscância requer a perfeição absoluta, sem defeito, é necessário que a mônada criada, por ter Vontade livre, queira realizar esse estado. Mas não é possível escolher livremente a Coruscância na própria experiência da mesma, que por ser sem defeito não poderia ser rejeitada livremente. Isso significa que a realização da Coruscância requer uma experiência prévia de um estado anterior de Mistura entre o Bem divino e a sua ausência, a imperfeição que chamamos de Mal (também chamada de Mistura de Luz e Trevas), na medida necessária para que a mônada criada conheça o seu próprio arbítrio de escolher o Bem divino como seu destino particular. A liberdade da mônada criada se completa na aceitação das realidades do Limite da sua forma substancial, da Mistura como condição da sua liberdade, e do Amor divino como causa final da sua existência. ♥
    4.4. Razão Singular da Mistura Mínima (RSMM): A medida necessária para que seja possível a uma mônada criada escolher o Bem divino é a sua Razão Singular de Mistura Mínima, que na teologia cristã equivale ao significado da Cruz. Esse é o peso mínimo de sofrimentos que a mônada criada precisa experimentar para que o autoconhecimento de seu arbítrio na escolha do Bem se complete. ♥
    4.5. Arbitragem de Excesso de Mistura (AEM): Para além da RSMM determinada pela Providência divina, é permitido que a mônada criada determine sua própria Arbitragem de Mistura Excessiva no autoconhecimento de sua Vontade. Se essa liberdade for retirada, a Coruscância não é possível. Assim como o excesso de Mistura não é conveniente, também não convém o julgamento do outro que está no uso dessa liberdade de acordo com a vontade divina. ♥
    4.6. Sete Dons: Recursos espirituais concedidos pela Mônada Incriada que auxiliam a prática do amor pela mônada criada.
      4.6.1. Humildade contra a Pretensão: Reconhecimento do limite e da falibilidade que libera da mentira das falsas qualidades da mônada, especialmente força, bondade e sabedoria. Também chamado de Sacrifício de Comunhão. ♥
      4.6.2. Presença contra a Idolatria: Consciência da experiência total da vida diante da Mônada Incriada, voltada para a satisfação desse relacionamento em primeiro lugar e acima de tudo, libertando da mentira da subsistência de qualquer outra realidade fora dessa relação. ♥
      4.6.3. Louvor contra a Sedução-Pacto com a Morte: Conversão do desejo de todos os bens particulares à adoração da sua fonte eterna na Beleza da Mônada Incriada, libertando de qualquer necessidade de experiência na contingência atual pela garantia do perpétuo usufruto da Beleza divina na Eternidade. Qualquer possível bem imediato se converte sempre na satisfação com a promessa da Herança divina. E não há bem apetecível que não possua sua essência preservada na Eternidade do Ser divino (Idealismo Transcendental). ♥
      4.6.4. Paixão contra o Terror-Pacto com o Inferno: Capacidade de suportar as consequências da experiência da Mistura pela confiança na bondade do decreto da sua finitude, libertando da ilusão de subsistência do Mal. ♥
      4.6.5. Soberania contra o Gnosticismo: Consciência da supremacia da Vontade com a finalidade da escolha de um Bem inefável, libertando da mentira de que por quaisquer conhecimentos contingentes se torne obrigatória qualquer crença sobre a qual a Vontade não possa arbitrar. O Livre-Arbítrio das mônadas criadas é tão importante para a pureza da escolha do seu destino eterno que toda a complexidade das causas materiais e eficientes foi produzida apenas para a sua arbitragem da crença na Presença ou na Idolatria. Essa é uma das “loucuras” de Deus que confunde os “sábios” e orienta os humildes, um tipo de segredo espiritual compartilhado apenas pelos amantes verdadeiros. ♥
      4.6.6. Vigilância contra a Ingenuidade: Astúcia de separar a experiência da Mistura do seu significado espiritual, libertando das mentiras da legitimação da mesma; da adoração de qualquer “deus” que não possua a suficiência do Deus Triuno, que só pode ser falso por depender de uma criação para realizar sua forma por relacionamento, para conhecer e ser conhecido, e para amar e ser amado; do Pacto Ouroboros; da Dialética do Ouroboros; e da tentação de participação no Sistema da Besta. ♥
      4.6.7. Discernimento contra o Psiquismo: Distinção da natureza espiritual das influências e sugestões que são acolhidas ou rejeitadas pelo arbítrio da mônada criada, libertando da mentira da causalidade psíquica sobre os movimentos da Vontade. ♥
    4.7. Metareflexividade, o Sacramento do Momento Presente: Consciência gerada pela posse mais plena e contínua do dom da Presença que permite a apreciação da criatividade divina na determinação da qualidade dos objetos da Percepção (Nitidez), bem como da qualidade subjetiva do Intelecto percipiente (Cristalinidade). É a plenitude da Presença e da Soberania e a liberdade contra toda a mentira, respectivamente, da Idolatria e do Gnosticismo: vivemos apenas por Deus, que nos dá o bem percebido e a boa percepção. Deus está “nas duas pontas” da Percepção, no objeto e no sujeito. A Metareflexividade é a consciência disto. ♥
  5. REVISÃO TEOLÓGICA
    5.1. Adão: Decidiu trair o amor à Deus e usurpar a Criação através do Pacto Ouroboros (Pecado Original), ofertando a adoração da Serpente por toda descendência (Tradição Primordial) em troca da Gnose (conhecimento da Mistura). ♥
    5.2. Caim: Decidiu trair o amor ao próximo (Abel), vingando-se contra a predileção do irmão que foi enganado pela Tradição Primordial. ♥
    5.3. Set: Decidiu confiar na Tradição Primordial e reiterar indefinidamente o Pecado Original. ♥
    5.4. Enoque: Decidiu viver na Presença, dispensando eventualmente a necessidade da experiência da Mistura e da morte. ♥
    5.5. Noé: Decidiu reiniciar o Pacto Ouroboros por sua livre e espontânea vontade, sem necessidade intrínseca ou extrínseca. ♥
    5.6. Abraão: Decidiu confiar na Aliança como promessa para a descendência carnal, misturando as Obras da Carne com as Obras do Espírito. ♥
    5.7. Moisés-Aarão: Decidiu desconfiar do ordenamento divino, da obra de Separação, e reiterou a crença na salvação para a descendência carnal. Abriu o caminho para a tradição sacerdotal e religiosa pela interferência do irmão. ♥
    5.8. Esaú-Saul: Decidiu confiar na unção humana e não na divina, como se pudesse ser virtuoso pela eleição do povo e trocar as Obras do Espírito pelas da Carne. ♥
    5.9. Davi: Decidiu ser humilde, apesar de todos seus pecados. ♥
    5.10. Salomão: Decidiu ser soberbo, apesar de toda sua sabedoria. ♥
    5.11. Profetas: Decidiram testemunhar a verdade e denunciar a traição das Obras da Carne. ♥
    5.12. Jesus: Deus decidiu tomar a forma humana para ensinar aos homens a amar.
      5.12.1. Encarnação: Humilhou-se como homem para mostrar a bondade de sua Criação e revelar a verdade definitivamente, isto é, a bondade da sua criação, e a pureza da vontade o Espírito Santo contra a impureza da vontade seminal do homem. Sua Encarnação é ao mesmo tempo a denúncia e a redenção do Pecado Original. ♥
      5.12.2. Fé e Milagres: Confirmou e deu o testemunho da maldade humana da maioria que duvidou de sua bondade e só confiou no seu poder, e revelou a pureza da Fé do Filho em contraste com a impureza da fé dos escravos e dos mercenários. ♥
      5.12.3. Cruz: Rasgou o véu do templo das mentiras dos homens, mostrou que Deus é bom, capaz de salvar até os que o assassinaram injustamente, e que o Acusador é apenas um espírito mentiroso e assassino, o falso deus dos templos oriundos da Tradição Primordial. ♥
      5.12.4. Ressurreição: Mostrou novamente a bondade da sua Criação, e o sentido final da Salvação para todos os que crêem. O caminho é a Cruz, a verdade é a Morte das Obras da Carne (o Decreto divino de Gênesis 3), e a vida é a Ressurreição. ♥

5.13. Era Cristã: Mistura da Revelação com a corrupção religiosa, especialmente dos quatro grandes erros do Cristianismo institucional: a) defesa da Tradição Oral contra a Soberania da consciência livre (Gnosticismo); b) defesa do Pecado Original como costume derivado de um mandamento divino; c) defesa do sacrifício de sangue como ritual instituído pelo Deus verdadeiro; d) defesa da doutrina da ameaça do Inferno para a opressão das consciências e fortalecimento da obra do Acusador. Particularmente o Cristianismo parece ser o Culto do Mashiach ben Yosef, servindo de preparação histórica para a conversão das massas à mentira do Falso Profeta e à sua Religião das Leis de Noé.

5.14. Síntese Filosófico-Teológica: A Operação de Deus, ou Obra de Deus, chamada de Separação ou Santificação, é a colheita das almas que livremente aceitem seu Amor, e a aniquilação misericordiosa daquelas que o recusam. Esta Operação atual, na condição da Mistura, serve para essa colheita: é necessário que as mônadas criadas conheçam a sua própria vontade de aceitar ou rejeitar o Amor divino. ♥

  5.14.1. Base: Deus triuno, pleno em Si, cria por pura gratuidade amorosa seres destinados à sua experiência singular da felicidade divina. ♥
  5.14.2. Exercício da Liberdade: As criaturas, para tomar posse da sua herança, que é a sua participação na Glória dos bens divinos, precisam conhecer sua própria vontade de viver pelo Amor divino, para realizar sua parte na perfeição. Não entra na perfeição quem não escolhe a perfeição, e não escolhe livremente a perfeição quem não a deseja antes de experimentá-la. ♥
  5.14.3. Duas Soluções: A aceitação do Amor divino pode se dar por bem ou por mal, pelo amor ou pela dor: quem aceita por bem se torna humilde por si mesmo, e quem só aceita por mal tem que ser humilhado. ♥
  5.14.4. Primeira Ressurreição: Quem aceita por bem ama a Deus acima de tudo e ama o próximo como a si mesmo, nos limites de sua condição, e participa da Primeira Ressurreição. Assim, este é o que imita a Jesus Cristo e o segue: carrega a Cruz, aceita a Morte e espera na Ressurreição. ♥
  5.14.5. Segunda Ressurreição: Quem só aceita por mal recusa o Espírito Santo, imita seus pais, rejeita e luta contra a Cruz, faz Pacto com a Morte e desacredita da Ressurreição. Este só pode ser salvo na Segunda Ressurreição, onde aprenderá a verdade sobre a maldade da sua escolha, e sobre a bondade da Misericórdia de Deus, no Dia do Juízo. ♥
  5.14.6. Colaboração na Operação: O papel de colaboração de quem ouve, acredita, confia e obedece ao Espírito Santo, mesmo com todas as falhas derivadas de sua condição, é o de: a) persistir na sua escolha de Amar a Deus e ao próximo, b) dar o Testemunho para que outros possam escolher o mesmo, e c) perdoar os que não o fazem, produzindo assim um Testemunho válido e particular para o Dia do Juízo. ♥