Mar em Fúria, por Wolfgang Petersen

O excelente diretor do ótimo filme O Barco (“Das Boot“) criou aqui uma história fraca, mas justa, que mostra o destino líquido e certo desse caçador violento e desalmado que é o ser humano: o fundo do Abismo.

Billy Tyne (George Clooney) é o capitão de um barco de pesca que anda frustrado com sua baixa performance. Assim como os membros de sua tripulação, Billy deseja um grande sucesso e, dito e feito, eles conseguem um que custa precisamente o preço mais alto possível, que é o das suas próprias vidas.

Há dois temas neste filme: a inclemência da natureza que faz os homens se lançarem aos maiores riscos e sacrifícios, e a estupidez do próprio ser humano que acrescenta, ao já pesado encargo da sua vida natural, o peso de seus próprios sonhos de felicidade.

A forma da felicidade é a vida familiar lastreada no impulso luxurioso, que neste filme possui muito mais força do que quaisquer deliberações mais avançadas. O homem é simplesmente um ser que quer trepar e que, com isso, arruma um casamento e filhos para cuidar. Eventualmente o sonho vai falhar quase sempre: só não existe frustração onde ainda não se passou tempo suficiente para a conta moral chegar. Quando o tempo já teve a oportunidade de causar seus estragos, os casamentos já foram devidamente dissolvidos pelo estilo de vida de um pescador.

Embora seja fraco, e isso por não trazer nenhuma grande questão humana à tona, o filme não mente, bem ao contrário disso: revela a realidade humana da escravidão da Maldição ou do Poder.

Há uma tentativa de mostrar o heroísmo dos caçadores, é claro. Uma menção da sua suposta honra de enfrentar os perigos da vida natural. Mas o fazem em nome do quê? Apenas da subsistência na condição amaldiçoada, já que não há Redenção do estado decaído e amaldiçoado. E ainda com o agravante da omissão de responsabilidade por trazer mais almas inocentes à mesma condição claramente desgraçada em que se encontram.

Não gosto do sofrimento humano, mas devo confessar que pelo menos uma parte de mim torcia pelo mar e pelos peixes, e de certo modo saí vingado.

Nota Espiritual: 3,7

Humildade4
Presença4
Louvor (ninguém é capaz de renunciar a qualquer benefício por razões espirituais)2
Paixão5
Soberania5
Vigilância4
Discernimento (são apenas animais sofisticados)2
Nota Final3,7

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