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Neste livro encontramos uma tentativa de explicar tudo o que existe de mal no mundo desde a perspectiva cristã pelo projeto do espírito do Anticristo especificamente encarnado ou identificado com o judaísmo.
Para a sensibilidade mais moderna essa visão pode parecer estranha, mas é uma questão de perspectiva. A antiguidade e o medievo cristãos entendiam com facilidade e clareza que aqueles que eram verdadeiramente seguidores de Moisés aceitaram a Revelação Cristã como legítima, e os que a rejeitaram são justamente aqueles que se dizem judeus mas não o são, a Sinagoga de Satanás daqueles que acreditam em mandamentos humanos. Apesar de alguma tolerância ser possível, no seio da cristandade esta realidade sempre apresentou conflitos. Um dos problemas que deu inclusive margem para o desenvolvimento da história apontada por Medrano foi a reserva ao povo judeu do exercício da usura e do mercantilismo, contra a cultura cristã política e econômica da caridade, do preço justo, etc.
Embora o autor acerte em revelar muitos dos vais e vens das conspirações em nível global, seja de uma certa gangue de financistas internacionais, ou das várias conspirações políticas revolucionárias através de organismos como a Maçonaria, como católico ele erra ao não reconhecer a contribuição da sua própria religião ao problema que denuncia. É fácil culpar uma conspiração judaico-maçônica por todos os males do mundo, na segurança de uma religião institucional supostamente isenta de participação no governo do diabo sobre o mundo. Difícil é aceitar até que ponto a própria fundação da sua religião está enraizada em valores e princípios que vêm daquela traição ancestral contra o Amor de Deus.
Nas suas conclusões preditivas o autor também erra ao tentar reconhecer a Rússia como nação resistente ao Anticristo, exatamente como o fazem hoje muitos conservadores e tradicionalistas cegos ao amplo esquema dialético do Ouroboros.
Apesar de tudo isto, podemos considerar esta obra produtiva no sentido da informação do leitor sobre diversos temas e fatos que costumam escapar totalmente à imaginação e entendimento do público em geral. Seu mérito está no favor de abrir várias brechas no estudo histórico, em resgate a uma visão cristã mais pura e menos compromissada com os modernismos do mundo atual.
Vejamos algumas passagens relevantes.

Eventualmente vem à minha mente a idéia de que de certa forma nós vivemos num mundo inventado pelos judeus. Mas eu corrijo esse pensamento com a evidência de que a única coisa que se pode dizer a respeito dos judeus é que eles têm uma tradição bastante antiga, o que lhes deu mais experiência com o Pacto Ouroboros e com todas as decorrências da traição contra o Amor de Deus. Ou seja, a única coisa pela qual se destacam é pela grande experiência na maldade, estando apenas um tanto na frente de todos os outros povos que de um jeito ou de outro acabam fazendo a mesma opção espiritual dos judeus, isto é, continuam perpetuando o mal a cada geração. Os filhos dos santos só conhecem o Paraíso. Todos os outros nascidos neste mundo são filhos de traidores, de um modo ou de outro. Os judeus não são especialmente perversos, são apenas mais experientes.
A base da cidade terrena é o Pacto Ouroboros a qual todas a religiões cristãs subscrevem quando recomendam o casamento como um sacramento e a multiplicação dessa nossa espécie decaída e amaldiçoada. Se os judeus se aproveitam dessa falta de discernimento dos outros povos, isso apenas lhes beneficia lateralmente, como aos Avari que tiram vantagens da desobediência humana em geral.

A denúncia do Naturalismo é um dos pontos mais altos do trabalho de Medrano, que acerta em cheio no reconhecimento da idolatria naturalista como origem da decadência espiritual do homem que se identifica com o pó e se torna assim, como diz a escritura, “escravo da maldição e do poder“.
Mas não adianta acusar o judaísmo de ser o promotor dessa mentalidade, quando os cristãos são muito mais culpáveis por acreditarem nela, já que conheceram uma Revelação muito mais excelente a respeito da essência da sua vida espiritual.

Aqui temos um dos elementos mais importantes no entendimento da geopolítica moderna desde o ponto de vista do milenarismo messiânico, que é a total concordância e colaboração entre os conceitos de Globalismo e Sionismo: a restauração do mundo (tikkun olam) requer simultaneamente a dissolução de todas as identidades nacionais ao redor da legitimidade da nação dos sacerdotes que realização o Reino de Deus na Terra, a nação de Israel, cuja capital Jerusalém se tornará o centro não só do mundo, mas até mesmo do universo.
Quem não compreender imediatamente que qualquer tentativa de realizar o Reino de Deus neste mundo redundará no governo do Anticristo, não entendeu nada da escatologia cristã.

Para começar, Hitler foi uma expressão política da visão prussiana e protestante, de mundo, sendo criatura do Exército alemão e de mentalidades antijudaicas e antimaçônicas como de um Ludendorff. Se existem méritos de uma reação nacionalista contra as revoluções, estes vieram desde uma cultura que não era particularmente eclesiástica. Por outro lado e de diversas maneiras, a Igreja Católica do Século XX pode ser entendida como muito mais colaboracionista com as revoluções do que o autor estaria disposto a admitir.
Hitler não estaria em melhores condições de vencer se tivesse feito uma cruzada cristã contra os bolcheviques, porque Deus não tem nenhuma satisfação com qualquer política deste mundo, senão com os indivíduos que ouvem o seu chamado de libertação. Ao contrário, providencialmente o governo do Anticristo é confirmado como consequência da desobediência que persiste e é mais perversa justamente do lado cristão da história. Que todos os demais queiram manter-se em estado de traição, é compreensível dada a sua ignorância, mas que os cristãos façam isso, eis o que mais justifica, moralmente, a vitória da conspiração anticristã.



Não é incrível como Medrano está tão perto da verdade, mas ainda mantém-se longe o suficiente de qualquer chance importante de libertação da mentira por isentar o seu próprio cristianismo católico de participação no culto naturalista?
Como é possível que ele não consiga ver a repetição do Culto do Ouroboros, revelado pelo cabalismo que denuncia, dentro da sua própria tradição católica?
Isto é assim porque, como eu já disse antes, nunca existiu e nunca vai existir uma tradição cultural de liberdade contra o Ouroboros.
Medrano, como todos nós que já nascemos neste mundo, é filho da participação da Tradição Primordial pela desobediência de seus pais. Quem são o Ele-Ela que dão vida à Serpente do Mundo? São os pais, imitadores de Adão e Eva, e não de Jesus e Maria.
Ele chegou muito longe nas suas descobertas, mas não conseguiu ligar os últimos pontos da sua investigação que o levariam a esquecer finalmente o problema dos judeus e entender a essência do governo do Anticristo. Para isso precisaria entender que Jesus não veio trazer a paz, mas a espada, e que os inimigos do homem estão dentro da sua própria casa.
Nota espiritual: Calaquendi
| Humildade/Presunção | 5 |
| Presença/Idolatria | 6 |
| Louvor/Sedução-Pacto com a Morte | 5 |
| Paixão/Terror-Pacto com o Inferno | 4 |
| Soberania/Gnosticismo | 4 |
| Vigilância/Ingenuidade | 7 |
| Discernimento/Psiquismo | 5 |
| Nota final | 5,1 |