Behemoth, Leviathan, Blake, Olavo e Dugin: as duas faces do Ouroboros

Não querendo ir muito a fundo agora, mas interessado não obstante em notar algumas particularidades da nossa cultura mais tradicionalista, conservadora e direitista, quero chamar a atenção para o uso que se faz daquelas figuras bíblicas monstruosas no Livro de Jó, o Behemoth e o Leviathan, dentro do discurso político contemporâneo, ao menos dentro de certo pensamento que pretende ser entendido de simbolismos e misticismos, ao estilo ocultista.

Se algo aliás precisasse ser levantado como prova contra a pretensa caridade cristã desse pensamento político, seria suficiente apontar para esses segredos esotéricos. As coisas de Deus são simples e claras, embora possam ser, e muitas vezes são, também profundas e sutis. Mas os mistérios de Deus não estão ocultos de forma que uma coisa signifique outra, ou seja, uma violação à veracidade do valor de face da Revelação. E este é o problema mais antigo do cabalismo e da tradição como um todo (e de todas as religiões), porque advém de uma esperteza humana que se diz a herdeira mais fiel possível da Revelação, mas na qual só podemos confiar através de seres humanos iguais a quaisquer outros: eles invertem as coisas. Tudo pode ser falsificado, inclusive a santidade e a caridade com maneiras pirotécnicas que traem a pureza das coisas divinas com sinais, prodígios, milagres, e todo tipo de truque que se possa imaginar.

Idealmente, porém, não precisamos nem levantar essas reflexões, porque a desmoralização do político cristão se dá pela força mesma da sua incongruência de querer misturar a Cidade de Deus com a Cidade dos Homens. Quem quer se eleger em nome de Jesus Cristo para ter poder sobre os homens pretende ser justo diante de Deus e sábio diante do próximo, e as duas coisas são condenáveis. Uma realidade completamente diferente é a do dever de estado de quem se vê, por circunstâncias providenciais, com o poder político que nunca desejou e nem tramou a posse. Nestes casos aplica-se a filosofia política, como na situação da herança de um poder que legitima o direito divino dos reis. Mas uma eleição já não é um processo cuja origem viola essa integridade moral? Quem se candidata não tem pretensão de ter o poder e, assim, não se coloca como sábio ou justo o suficiente? O governante mais justo é sempre relutante, e faz o contrário de um candidato: foge do poder com todas as suas forças, porque teme o mal, isto é, tem a verdadeira inteligência. Este é quem deveria governar, aquele que nunca se colocaria no poder por si mesmo, mas que só pode ser colocado pela ação de uma força divina inescapável, como vemos no caso de Davi em contraste com Saul. Por isso os “governos cristãos” desde a época dos reis medievais já não existem mais nem sequer como possibilidade. A própria democracia garante isso, que só o mal possa triunfar, porque só quem se pretende bom o suficiente para ser candidato pode ser eleito. Daí só resta a escolha do mal, mesmo que seja do chamado “mal menor”, essa pobre e fraca consolação moral, um remédio sempre insuficiente. E se disserem que todas as outras formas de poder sustentam tiranos, então está provado com isso não o mérito da democracia, mas o demérito de toda a sociedade humana que pretende governar a si mesma, quando o seu único governante deveria ser Deus. O governo de Deus equivaleria ao mútuo desarmamento e à multiplicação dos reinos e nações, junto com grande paz e prosperidade, o amplo direito migratório, e por fim o aumento progressivo da adesão das pessoas livres à vida consagrada, significando a superação do Pacto Ouroboros e o chamado voluntário da humanidade ao Segundo Advento e ao governo do Rei dos Reis, Jesus Cristo (v. Capítulo “A melhor geração” em A Coruscância).

Mas voltando ao tema principal, o ocultismo. Enquanto a menção divina aos monstros bíblicos presta santamente à inspiração de humildade e temor no coração de Jó, a Gnose (a salvação pelo conhecimento secreto) quer nos dizer que sempre tem algo mais por trás, e que esse algo é mais importante do que o que pensamos sobre a primeira impressão, ao ponto de que pode ser chamada de “a verdade” de fato, oculta sob as primeiras impressões e decifrável somente pelo sábio especialista, o ocultista, o esotérico, o iniciado nas etimologias, numerologias, etc. Essa mentalidade valoriza o segredo e um certo elitismo esotérico que é típico de todas as religiões, que é o que as torna comuns e enraizadas no grande segredo de todos que é a Tradição Primordial, isto é, o próprio Pacto Ouroboros.

Quando William Blake produz a imagem da luta entre os monstros, sua idéia não é aquela simples da inspiração do temor e da humildade. Essas virtudes são para os ignorantes, não iniciados. A idéia de Blake é a de um processo de produção de realidades pelo controle de oposições, como na alquimia. E é por isso que a identificação do Ouroboros com o Leviathan é equivocada (assim como a identificação dele com o Behemoth, ou Demiurgo): antes, o Ouroboros se liga à figura do controlador de ambos os monstros, já que é a relação entre os dois que constitui o ciclo de criação, destruição e renovação que mantém tudo sob o controle do “criador”. Mas este, se cria algo, é como criador de uma mentira, aquela mesma que será destruída pelo sopro da verdade de Jesus Cristo. O “deus” da imagem de Blake não é o verdadeiro Criador de todas as coisas, que na pureza da sua santidade nunca precisou fazer uso do mal para produzir o bem, mas é o usurpador do lugar de Deus, que precisa fazer o uso dialético de forças antagonistas para obter o controle dialético a realidade. O Ouroboros, como já expus antes, controla as oposições ao seu propósito, que é o de manter almas escravas do seu sistema de dominação, gerando ao lado da tese a antítese, e ao lado do Behemoth, o Leviathan.

Agora, entre os entendidos (ou iniciados?), tradicionalistas de certo direitismo contemporâneo, temos figuras como Olavo de Carvalho no Brasil, ou Alexandr Dugin na Rússia, que concordam com o misticismo esotérico de Blake.

De minha parte não posso disputar, falando simbolicamente, contra a idéia de que haja uma guerra de monstros, mas esta pode ser identificada dentro do ser humano desde a origem e mais apropriadamente, como em Gênesis 3, do que na mitologia dos monstros do livro de Jó.

Quando a mulher e a serpente são condenadas a perpetuamente manter-se em conflito até o fim dos tempos, a mulher pisando na serpente, e a serpente mordendo o pé da mulher, já temos aí a imagem da dominação do Ouroboros: a mulher servindo à perpetuação do estado decaído, querendo livrar-se da maldição e da perseguição da serpente, e a serpente atormentando a mulher e sua descendência com a sua acusação da desobediência a Deus. Exatamente as duas faces do Gnosticismo, o exotérico e o esotérico, Behemoth e Leviathan, a Tradição e a Revolução.

Aqui no Brasil, Olavo trouxe a imagem dos monstros em luta e o uso simbólico dessa figura na introdução do seu livro A Nova Era e a Revolução Cultural. Aliás, usou até mesmo a ilustração de Blake na capa do seu livro, e o mencionou no texto. Vejamos algo do que ele diz sobre o tema:

Não conheço essa “aplicação rigorosa do simbolismo cristão” que foi mencionada, e até poderia ir atrás, mas suspeito de que se trata de segredos impossíveis aos não iniciados, porque na minha modestíssima leitura bíblica não entendi nada disso do livro de Jó. Mas, novamente, não sou iniciado nesses mistérios, e cá entre nós não estou muito interessado em ser.

O fato é que até este ponto Olavo elogiava o recurso da vida interior, como vida espiritual (ou ao menos um resquício dela), em direção ao escape da dialética dos monstros, embora já tenha apontado para a obediência de Behemoth em contraste com a rebelião de Leviathan, o que é uma idéia problemática para dizer o mínimo. Ou talvez não seja, se pensarmos que o criador de Behemoth e Leviathan é o Ouroboros que se coloca no lugar de Deus, e a quem ambas as reações significa submissão ao seu poder, seja a obediência ou a rebelião, o gnosticismo exotérico das religiões, ou o gnosticismo esotérico das seitas e heresias.

Senão vejamos quais são as qualidades do “obediente” Behemoth: ele impera “pesadamente sobre o mundo“, criado em “unidade de essência” com o homem, um “poder macrocósmico e uma força latente na alma humana“, um “poder material“, ele é o “peso maciço da necessidade natural“, ele é a “natureza” que combate contra “as forças rebeldes antinaturais“, e é a “necessidade implacável“.

Quais dessas qualidades apontam para a santidade de Deus? Nenhuma.

Deus é Amor, ele é revelado assim pelo Filho de Deus em pessoa, que pessoalmente renunciou ao seu poder de julgar e destruir para indicar a natureza da essência divina no perdão e na misericórdia.

Literalmente Jesus abriu mão do seu poder para exercer o seu amor.

Transformar pedras em pães, ser resgatado de um salto no abismo ou governar todas as nações da Terra, todas essas tentações resistidas por Jesus Cristo mostram a supremacia da sua santidade, do que é a verdadeira realeza espiritual, sobre a falsa majestade de um poder cego e monstruoso que trai o Amor, que é a essência do monstro Behemoth.

O Behemoth é um monstro que, se tem função, como veremos, é a de no fim ser destruído com o seu insuspeito parceiro, o Leviathan, para que seja revelada a perversidade da mentira do Oubororos, a Serpente do Mundo.

Isso quer dizer que o Behemoth é o deus dos tradicionalistas, assim como o Leviathan é o deus dos revolucionários.

Um arrasta o homem para a servidão da carne e do sangue, e o outro domina a revolta contra essa servidão dirigindo-a contra o Deus verdadeiro, acusando-o de ser o Demiurgo deste mundo com a intenção de aprisionar almas inocentes sob a escravidão da matéria.

Ambos os monstros servem ao Ouroboros, ou até mesmo constituem o espírito da Serpente do Mundo, porque seja como obedientes ao diabo na manutenção da terra decaída e amaldiçoada, ou seja como aliados dele na rebelião contra o Deus verdadeiro, de qualquer modo ambos tradicionalistas e revolucionários são servos do mesmo mal que quer manter o império da sua usurpação.

Aqui está o ponto marcante que evidencia essa interpretação: o poder de Behemoth reside no ventre. Esse é o deus dos tradicionalistas: o ventre humano através do qual se perpetua o Pacto Ouroboros. Já verificamos várias vezes o valor desse simbolismo da união do masculino e do feminino, quando falamos do hexagrama, do esquadro e compasso da maçonaria, etc. O encontro dos sexos é o poder que sustenta o Ouroboros. A “obediência” ao poder da “necessidade implacável” sustenta uma natureza que não é posta como decaída e amaldiçoada por decorrência da queda em Gênesis 3, obviamente, mas como se fosse a pura manifestação do desejo de Deus e não uma realidade decorrente da ruptura espiritual com o Criador. Afinal, esse “deus” gnóstico faz uso das trevas junto com a luz, do mal junto com o bem, etc.

Olavo devia ter alguma intuição ou mesmo esclarecimento dessas coisas, quando chama a ambos de monstros e de “forças cegas”, aos quais opõe a vida interior na qual o ser humano poderia vencer “com a ajuda” de Jesus Cristo. Obviamente essa é uma diminuição iniciática da verdadeira salvação, já que a vitória contra o mal e a mentira é uma ação divina, e ao homem cabe apenas aceitar e receber a Graça da sua salvação. Mas pelo menos parecia haver até aqui uma certa possibilidade de superação da dialética dos monstros, ou, se quiserem, das alternativas políticas. De forma ambígua e obscura, é verdade, mas possível de qualquer modo.

Em outra parte, num escrito separado e futuro, Olavo parece ter dado notícia disso com outra menção a esses símbolos:

De novo o Behemoth é o “monstro do bem”, o “hipopótamo da ordem divina” contra o “crocodilo da rebelião“, uma idéia provavelmente advinda do simbolismo egípcio onde o enfrentamento dessas feras nas cercanias do Nilo sempre sugeriu noções espirituais àquele povo. E perguntemo-nos: por quais meios veio o esoterismo egípcio impressionar a visão moderna, senão pela influência das sociedades ocultistas?

Mas, e de novo ambiguamente, parece que o confinamento do conflito espiritual entre os monstros “no interior da alma” poderia levar à sabedoria. E isso eu não posso negar, já que o entendimento do propósito comum entre os gnosticismos exotérico e esotérico me ajudou muito a compreender a dimensão da dominação do Ouroboros sobre esta humanidade de cativos. Essa conclusão, porém, Olavo não pode tirar, porque para ele justamente um lado da monstruosidade deste mundo têm a suposta razão do serviço obediente a Deus.

E para mostrar como o modesto erro dessa noção poderia levar a grandes erros como consequências futuras, temos o desenvolvimento da idéia desde uma perspectiva de confinamento do conflito no interior da alma até uma ação justificada no próprio conflito externo, com a desculpa da dialética histórica:

Aqui já não se trata apenas de vida interior, mas de ação externa, com efeitos na cultura, na política, etc. É engraçado que se lermos atentamente ao que Olavo diz aqui, percebemos que ele ainda tem uma linguagem que dá conta do quadro maior, embora ele não assuma as necessárias repercussões disso. Ele mesmo diz que a esquerda não é o mal encarnado, e que o espírito revolucionário pode ser ora direitista, ora esquerdista. Isso poderia levar a conclusões excelentes, se o filósofo buscasse a essência comum dos monstros a serviço do Ouroboros, porque a verdadeira revolução contra o governo de Deus é a traição do Pecado Original. Mas ele não faz isso. E se não faz, é porque já decidiu sair da esfera do esclarecimento da luta interior para o da participação na dialética histórica. Olavo já não quis somente buscar e dar o testemunho da verdade para a glorificação de Deus àquelas poucas almas interessadas. Não lhe basta. Quer ser influente, quer alterar o curso das coisas, o destino das massas (a “rocha nua” que os maçons querem transformar no “Estado” para construir o Reino de Deus na Terra), e por isso se engaja também na atualidade onde supostamente a esquerda teria de ser combatida até que certo equilíbrio de forças pudesse ser restaurado (“até que a roda da História complete seu giro“). Por isso podemos dizer que, até onde enxergamos, Olavo escolheu ser um Bispo no Sistema da Besta ao deixar de denunciar o esquema do Ouroboros, e ao participar da legitimação do mesmo pela validação do Tradicionalismo, do Behemoth.

Tive o privilégio de verificar a consolidação dessa decisão no decorrer de uma década na qual acompanhei mais de perto o trabalho do filósofo. Aos poucos Olavo deixou de se importar com a sua pesquisa de maior valor, aquela que só tinha repercussão com uns poucos –e qualquer aluno mais antigo sabe que ele sempre deixou seus grandes projetos pelo meio do caminho–, e passou cada vez mais tempo se engajando na cultura de massas, com o incentivo da busca do poder político e religioso na suposta missão de treinar uma futura elite política brasileira.

Olavo morreu, mas o Tradicionalismo continua firme e forte. E temos o exemplo daquele outro filósofo russo, Dugin, com quem aliás Olavo chegou a disputar certa vez o tema da Nova Ordem Mundial.

Dugin também interpreta o Leviathan como a força do ateísmo, da desordem e da modernidade. O monstro das águas precisa ser derrotado. Seu adversário é o monstro da terra, da tradição, da religião, da ordem, etc., o Behemoth. Puxando esse simbolismo para o que lhe interessa, que é a justificação do papel histórico e, porque não dizer, messiânico, da Rússia, no “coração da terra”, Dugin afirma que o Leviathan está encarnado no processo histórico derivado da manifestação do poder do Império Britânico, marítimo, colonialista, mercantilista, capitalista e globalista, em oposição ao Behemoth que se encarna na manifestação do poder do Império Russo, terrestre, tradicionalista, nacionalista, socialista. As ideologias que representam a concentração dessas duas manifestações, por sua vez, são o Atlantismo e o Eurasianismo.

Talvez o que escape (ou não?) a Dugin, como escaparia a Olavo, é a evidência de que o processo histórico inteiro de desobediência a Deus se dá através desse conflito dialético, porque é o desenvolvimento do Ouroboros contra Deus, usando de ambas as forças de obediência e de rebelião para dirigir a sua grande e primordial rebelião contra o governo divino.

Escatologicamente, enxergamos isso no Fim dos Tempos quando tudo é revelado, finalmente (daí que o último livro bíblico se chama Revelação, ou “Apocalipse” em grego, porque é o tempo da revelação não só de Deus na pessoa do Filho, mas do inimigo como o Ouroboros, o Pai da Mentira): a Besta do Mar e a Besta da Terra se unem contra o Criador de todas as coisas, revelando sua verdadeira natureza.

De um lado, pela Gnose Tradicional, ou Exoterismo Gnóstico, o Tradicionalismo identificava o Ouroboros como se fosse o Deus verdadeiro, exigindo a perpetuação do Pecado Original, o sacrifício de sangue, o temor do inferno, e a obediência à tradição.

De outro lado, pela Gnose Revolucionária, ou Esoterismo Gnóstico, para controlar as oposições e dominar as dissidências, o Revolucionarismo identificava o Deus verdadeiro como Demiurgo que fez a substância espiritual decair para a material, aprisionando almas inocentes no seu esquema de poder.

No Fim dos Tempos finalmente Behemoth e Leviathan juntam-se para fazer guerra aberta e declarada contra Deus, a Besta da Terra e a Besta do Mar, o Falso profeta e o Anticristo. Uma humanidade unida no espírito da grande rebelião.

Note-se: a Besta da Terra fará com que todas as nações do mundo adorem a imagem da Besta do Mar.

Isto quer dizer que o fingimento da ortodoxia religiosa no suposto serviço do Deus verdadeiro se converterá na validação da grande rebelião luciferina, de modo que a Tradição Primordial, que é o Culto do Ouroboros, será revelada como a Religião Universal.

É por isso que qualquer desejo sincero de obediência ao Deus verdadeiro sempre vai entrar em conflito com a ortodoxia religiosa, inevitavelmente, porque o Espírito Santo dá o testemunho da verdade que está fora das mentiras da Tradição. O Senhor nos antecipa desde já aquela última Revelação, mostrando-nos, pelo menos até onde nos for suportável, que todas as religiões estão enraizadas naquela Tradição Primordial que é o Culto da Serpente.

A Serpente do Mundo, o Ouroboros, terá a sua mentirosa rebelião destruída com o sopro da verdade que sairá da boca do Filho de Deus, como sabemos.

Até lá o que podemos fazer é fechar os livros dos “mestres” do simbolismo oculto, Olavo, Dugin e tutti quanti, e reabrir o Livro de Jó, o primeiro dos livros de sabedoria, para reaprender o sentido mais simples e profundo da lição divina: o de que a vitória divina é garantida, infalível e devastadora, e que a salvação humana está na humildade que sai da frente do seu Senhor, que lhe abre o espaço para sua obra, a Ele que já declarou: “a mim pertence a vingança“.

Não temos que realizar nenhuma missão social, cultural ou política, porque estas vitórias são vazias e capturadas pelo engenho dialético do Ouroboros.

Nossa vitória é interior, na dimensão da nossa alma, na forma da renúncia ao mal e da participação na corrupção do espírito do mundo, com o desejo da realização da ação divina na nossa alma e no mundo.

Nossa submissão ao Ouroboros se dá pelas ambições da vida mundana: familiar, econômica, política, cultural, etc., o querer participar do destino do mundo, um mundo que já foi acusado, julgado e condenado pelo Espírito Santo.

A nossa entrega ao Deus verdadeiro se dá pela vida espiritual, que é o desejo de participar da Eternidade.

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