
Kant enxerga na finalidade da investigação da universalidade da condição humana a necessidade de reconhecer a Substância Simples, a Mônada, primeiro em Deus, e depois no homem, duplamente enquanto agente moral livre e responsável, e também enquanto usufrutuário de uma potencial imortalidade.
De fato, tudo que importa na Metafísica, que é a Filosofia em sentido mais estrito, é a indagação sobre esta realidade mais suprema e simples, que é a determinante de todo o resto. Ou seja, os entendimentos ontológicos, gnosiológicos, epistemológicos, etc., servem apenas para rastrear a integridade substancial do sujeito que experimenta essa realidade, e as categorias universais da sua experiência. Neste último particular, Kant foi bastante produtivo em seus esclarecimentos através da Crítica da Razão Pura.
Convém ressaltar que o filósofo prussiano assume o dever de transcender a natureza, o que não é pouco para uma mente preocupada em justificar todo conhecimento como baseado nos juízos sintéticos da intuição sensível, o que significa que há um objeto melhor para a investigação humana para além das ciências naturais. Esse reconhecimento não é pouca coisa.
Por fim, não devemos confundir a citada “Religião” como “o fim mais elevado da nossa existência” com a forma histórica, institucional e socialmente reconhecida de culto a Deus, até porque esta nunca poderia ser uma só, dada a variação que observamos até entre crenças e práticas dentro de uma mesma organização. Essa Religião só poderia ser totalmente universal e independente dessas restrições dogmáticas e históricas, portanto só poderia ser a Igreja Mística, o corpo dos crentes que se filiam espiritualmente, portanto é a Religião verdadeira, ou simplesmente a Vida Espiritual na Presença.