Kant: um confesso Bispo do Sistema da Besta?

Eis que o filósofo prussiano nos dá referências simbólicas estranhas, inusuais na sua obra, indicando talvez um comprometimento com o Iluminismo que vai além da mera contribuição de suas investigações particulares: seria isso o sinal de um envolvimento espiritual mais profundo?

É claro que a confirmação disso seria sempre impossível, e mesmo a aferição de uma maior probabilidade nesta direção requereria uma investigação mais ampla, tanto da sua obra como um todo (e não só da Crítica da Razão Pura, por exemplo), quanto também de relatos biográficos que nos permitisse compor um quadro mais compreensível.

Mas já temos aqui uma indicação neste sentido, que não pode ser ignorada.

Quem tem em mente “uma torre capaz de alcançar o céu“?

Não é o herdeiro dos Usurpadores, aqueles mesmos que foram dispersos por Deus em Gênesis 11?

E para que não se afirme que Kant imaginou algo sem referência ao mito bíblico, ele próprio menciona logo em seguida, no exato contexto da mesma explicação, o problema da “confusão das línguas“, uma referência imediatamente conectada com o mesmo simbolismo.

Está ele querendo nos confessar algo, através do emprego deste simbolismo?

Ora, se ele empregasse esse tipo de linguagem de forma generalizada no seu estilo literário, nós poderíamos diminuir essa impressão e nos considerar apenas algo paranóicos.

Mas Kant não usa essa linguagem quase nunca. Extremamente rigoroso no emprego dos seus termos, e repetitivo na sua escolha, nós reparamos facilmente quando ele se desvia do padrão.

Isto parece ter acontecido mais na Edição “B”, a segunda edição da Crítica, onde ele adota por exemplo a postura reativa de formalizar proposições em diálogo com “vocês“, possivelmente os seus críticos. É possível detectar também na Edição B que o filósofo ficou mais à vontade, como que confirmado nas suas pretensões de algum modo, talvez já reconhecido suficientemente para se arrogar a capacidade de dar palpites com relação ao futuro do Iluminismo e da Educação em geral na Prússia, por exemplo, e através desse seu procedimento não é difícil imaginar que a sua referência à Torre de Babel seja uma mensagem clara, nem tão codificada assim, para parceiros num determinado projeto espiritual, que eu chamo de Sistema da Besta.

Confessio est regina probationum: a confissão é a rainha das provas.

Mas ele ainda não confessa.

O que diz aqui, neste mero parágrafo entre tantos, pode ser apenas uma brevíssima aventura literária onde os símbolos podem ter sentido equívoco para o nosso uso.

Porém, temos instrumentos de Discernimentos suficientes para entender o professor Kant mais provavelmente envolvido com o projeto Gnóstico do que o contrário.

Pelos frutos conhecereis a árvore: por acaso o esclarecimento da Fé cresceu com a influência da obra kantiana, e com o Aufklärung em geral, ou ocorreu o contrário?

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