Se, a partir da hipótese do Pacto Ouroboros, o sacrifício ritual de sangue sempre foi instituído no âmbito do Pecado Original da aliança entre homens e demônios, enquanto o Deus verdadeiro sempre aceitou o sacrifício espiritual do Orgulho, isto é, um sacrifício de comunhão na forma de Humildade, como poderíamos entender a idéia de que Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus, aquele que “tira o pecado do mundo”?
In limine, esta expressão poderia ter sido simplesmente apostada às Sagradas Escrituras para reforçar o Pacto Ouroboros, podendo ser discriminada à partir do Discernimento dos Espíritos.
Porém, convém avaliar como esta idéia é espiritualmente viável. E isto sempre, para todas as expressões bíblicas: a hipótese da corrupção, apesar de essencial, não deve ser usada como razão de dispensa ao Discernimento. Ao contrário, devemos nos sentir sempre mais incentivados a aprender o sentido das coisas diante de Deus.
Dito isso, podemos encontrar, na forma correta da adoração à Deus, ou seja, “em espírito em verdade”, duas possibilidades:
1. O Cordeiro de Deus tira o pecado do mundo para os obedientes, ao liderar seus seguidores na aceitação da Cruz, ao ensinar a Humildade e a mansidão, e ao ordenar o Perdão como exigência da Lei do Amor. Isto imediatamente não apenas bloqueia a proliferação da ação maligna no mundo, como tende a remediar e até mesmo curar completamente os males produzidos nas almas, na medida em que a fidelidade à Jesus como Filho de Deus se espalha pela Terra;
2. O Cordeiro de Deus tira o pecado do mundo para os desobedientes, ao ser aceito como sacrifício de sangue único e suficiente, de modo que possa ser interrompido o ciclo de violência da parte daqueles que temem o Inferno e que acham que compram a salvação através do ritual da religião cristã, praticando, se não o Arrependimento, pelo menos a Penitência, para não falar das práticas pagãs de pactos com os demônios através das outras formas de sacrifício de sangue.
Qualquer idéia mística que entenda a ação de salvação que vem de Jesus como um recurso mágico e não espiritual, isto é, como um Poder divorciado do Intelecto e da Vontade, serve apenas para justificação social do segundo tipo de possibilidade que foi acima aventado.