Por que a Cruz é a nossa única salvação?
Dispensado o engano da magia de sangue como impureza indigna da santidade divina, e justificado o modo pelo qual o Cordeiro de Deus “tira o pecado do mundo”, como já vimos, resta entender de que modo a Cruz representa uma salvação para a humanidade.
Quando Jesus afirma que ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, está indicando o sucesso do seu exemplo para que seja seguido: a Cruz, a Morte e a Ressurreição.
É preciso que experimentemos a medida de mistura determinada pela Providência divina (v. Razão Singular de Mistura Mínima), que simbolicamente está representada pela vida de Cruz, para que o nosso aceite ao Amor divino seja plenamente real.
Deus só pode ser adorado “em espírito e em verdade”. Isto é: não só nominalmente, simbolicamente, como através de uma representação, mas através de fatos concretos que exigem a nossa reação interior, livre, cheia de sentido espiritual.
Nossa integridade espiritual é inevitavelmente testada pelo peso da Cruz, e nosso arbítrio de aceite ou rejeição é exercido inequivocamente diante do Altíssimo. Podemos mentir para nós mesmos, e uns aos outros, mas não há mentira diante de Deus.
A Cruz é, assim, o Caminho das Ovelhas: é o Caminho da Obediência.
Essa Obediência, por sua vez, não é uma cegueira, como um fideísmo.
A Obediência é um fruto do dom da Humildade, do reconhecimento da santidade divina, e da nossa confissão do desejo pela salvação que vem exclusivamente do Amor divino.
Os Bodes, escravos de seus próprios desejos e da sua própria mentira de querer viver sem o Amor do Criador, medem a disposição de aceitação da Cruz, da parte das Ovelhas, como uma tola submissão, mas não percebem que eles é que são os escravos destinados à dispersão e dissolução. Os Bodes não entendem a confiança amorosa, porque não a desejam para si mesmos, e portanto medem a disposição das Ovelhas usando a sua régua distorcida e pervertida, porque só enxergam a submissão ao Poder e à Maldição à qual estão presos por escolha.
A Cruz é a única salvação porque a aceitação da experiência moral da mistura é um requisito para a passagem para o nosso destino. Sem aceitação da Cruz, não pode haver aceitação da Morte, e sem a aceitação de ambos, não pode haver Ressurreição.