“Cadê o Absoluto? Tudo é relativo… Tudo vai da interpretação!”

Vamos ler algumas passagens escolhidas do segundo volume da série Filho do Fogo, de Daniel Mastral, o livro intitulado “O Descortinar da Alta Magia“.

Nesta passagem lemos uma argumentação satanista (real ou inventada?) a respeito da integridade da revelação luciferiana, em contraste com as contradições e antinomias bíblicas, mais ou menos como os islâmicos argumentam, em defesa da suposta integridade do Corão.

Antes da leitura em si, lembremos que a mente humana opera dialeticamente de forma inevitável. Não há premissas, sejam satanistas ou islâmicas, ou de qualquer espécie, que não sejam ilimitadamente questionáveis. Pois o inquestionável é o autoevidente que subsiste num tal nível de pureza abstrativa, que nunca é o suficiente para explicar a totalidade da condição humana. Isto quer dizer que as nossas crenças, na maior parte dos casos, são acreditáveis justamente porque são questionáveis, o que torna o nosso assentimento imputável como uma decisão moral, e não uma mera constatação dedutiva. Vemos isso inclusive na doutrina do método científico, como com a Falseabilidade de Popper. Isto é primário demais, e não deveria ser preciso explicar. Vivemos um período tenebroso e ao mesmo tempo irônico: uma grande ignorância justamente na época da disseminação do conhecimento, na “Era da Informação”. O ser humano tem cada vez mais acesso à informações e cada vez menos capacidade de saber o que elas significam.

Para ficar claro, o ponto cego da argumentação abaixo é a própria arbitrariedade de aceitação das premissas da “revelação” satanista como se fossem autoevidentes, quando obviamente não o são. Um estudante primário de lógica deveria ser capaz de compreender isto em menos de cinco minutos.

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Como é que uma pessoa minimamente sagaz não se perguntaria se a suposta adulteração da Bíblia não tivesse se dado justamente em favor de uma manipulação satanista?

Como é que se poderia dispensar o mal feito em nome de Deus e da Bíblia, como uma ação justamente demoníaca, de usurpação e mentira?

Não denunciou Jesus ao diabo como o “pai da mentira“, e “mentiroso desde o princípio“? Também não denunciou a manipulação e adulteração do testemunho da Palavra, ao ponto de chamar aqueles religiosos que o perseguiram de filhos do diabo? E mais ainda, não disse ele que mesmo no futuro os verdadeiros cristãos seriam perseguidos por aqueles que acreditariam estarem fazendo a obra de Deus?

Sendo assim, é evidente que esta argumentação é um jogo rasteiro que só pode confundir os ignorantes.

Sim, a Verdade é uma só, e não é relativa, mas o Absoluto não é nossa propriedade, e esta é a razão da rebelião gnóstica contra o Criador, partindo do próprio espírito de Lúcifer, que não aceitou o limite do seu entendimento diante do seu Criador.

E é por isso que os satanistas gostam tanto de Lúcifer, porque este falso deus se dispõe à fazer negociatas e a trocar favores, bem ao gosto da imundície espiritual de seus seguidores. Gostam de um falso deus que está mais à sua disposição para fazer conspirações e barganhas, então no fim das contas eles todos se merecem.

Para que fique claro, a relatividade do conhecimento da Verdade divina é uma disposição determinada pela limitação da forma substancial de qualquer criatura. Isto não é inescapável por um capricho divino, mas por uma necessidade metafísica.

Só se pode aproximar da santidade divina quem oferece a pureza da confiança do seu próprio amor.

O desejo de domínio gnóstico, por sua vez, só pode possuir a falsidade do vazio dos ídolos, e a mentira dos demônios como falsos deuses.

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