O pensamento mágico não faz sentido para as coisas divinas

Enquanto, por um lado, a Magia significa uma capacidade ou um poder contingente, ligado aos paradigmas da escassez, da causalidade e da irreversibilidade, a Onipotência, por outro lado, significa a capacidade irrestrita de um Poder Absoluto.

Toda vez que encontramos algum testemunho, onde quer que seja, mesmo na Bíblia, que fale das coisas divinas como se falasse de coisas mágicas, ou seja, do exercício de um poder contingente, estamos, na melhor das hipóteses, lidando com uma confusão, como uma infelicidade na tradução de termos, e na pior das hipóteses, estamos lidando com mentiras que pretendem colocar, no lugar de Deus, aquele que é o Usurpador.

Não se pode, nem se deve, querer misturar as coisas divinas com as coisas não divinas, aquilo que é santo e puro com aquilo que não é.

Isto vale também, e de forma especial até, para o problema da Salvação.

O Amor de Deus é a própria essência divina: o centro e o motor do Poder divino, por assim dizer.

Se Deus ama, quem pode lhe impedir o seu gesto de salvação?

E se Deus salva, de que outro recurso Deus precisa fazer uso, senão da pura manifestação da sua Vontade soberana?

Não existe meio ou intermédio para ação divina, e nem existe uma terceira instância diante da qual a ação divina precise se justificar.

Quando Deus faz uso de um meio, ou parece justificar uma medida, essa maneira de proceder é apenas uma concessão da bondade divina às limitações do intelecto humano, ou uma garantia da consecução de alguma revelação profética, mas nunca pode ser tratado como uma referência a qualquer tipo de limitação por parte da Onipotência, o que por definição é sempre uma contradição.

Convém, porém, aos poderes das trevas, produzir a confusão entre as coisas divinas e as não divinas, para dirigir a adoração que é devida a Deus para outros alvos, como aos Avari que usurpam o Nome, e para impedir que os homens encontrem o verdadeiro repouso na suficiência do Amor divino, fazendo-os tentar a obtenção do controle da sua própria salvação, e idolatrando os meios causais no lugar da santidade divina. Isso pode levar inclusive a religiosidade cristã a repetir os enganos dos antigos paganismos de todo tipo de origem, como verificamos na cultura judaica, na greco-romana, etc.

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