Vejamos mais uma passagem do livro O Descortinar da Alta Magia, de Daniel Mastral:

Isto não passa de mais uma mentira, e bem esdrúxula, por sinal.
Como que Deus poderia ter colocado alguma regra que impedisse o homem de fazer o que quisesse, se a premissa mesma do satanismo é a de que não só se pode, mas que se deve desobedecer a Deus?
Evidentemente, sendo Deus quem Ele É, Absoluto, se quisesse determinar qualquer regra inviolável (como de fato determinou várias), esta não poderia ser desobedecida.
Assim, a possibilidade da desobediência, que é a escolha dos bodes, requer que uma dessas duas premissas seja válida: ou o Deus Criador de todas as coisas não é verdadeiro (o Único), e portanto não é capaz de determinar uma regra inviolável, ou o que se chama de “regra” nada mais é do que uma opção boa em face de outras piores, a qual é oferecida para o exercício da liberdade humana.
A limitação da condição humana só pode ser bem compreendida espiritualmente se aceitarmos, em primeiro lugar, que metafisicamente é impossível que exista qualquer ser criado que não seja definido pelos limites da sua forma substancial de criatura, e em segundo lugar, que a contingência de uma limitação não necessária metafisicamente (que é a condição de Cruz, ou de realização da Razão Singular de Mistura Mínima) é conveniente para o exercício da liberdade de aceitar o Amor divino antes da Coruscância (vida eterna paradisíaca).
A não aceitação da limitação é, portanto, sempre uma atitude de rebelião: ou uma rebelião contra a estrutura da realidade, ou a rebelião contra a Providência divina que determina o melhor quadro circunstancial para a realização da liberdade humana com vistas à bem-aventurança.
Deus não só não limita a nossa felicidade, como faz exatamente o contrário: produz toda a realidade necessária para que ela ocorra.