“Se o homem é Sua imagem –e Deus assim o fez– como fazer morrer o desejo?”

Vejamos mais uma passagem de O Descortinar da Alta Magia, de Daniel Mastral:

A correção desse acúmulo de erros é uma tarefa cansativa que me aborrece. Mas vamos lá.

Para começar, bem lido o Capítulo 3 do Gênesis, entendemos que o homem foi feito para ser feito filho de Deus, à sua imagem e semelhança, mas rejeitou a sua filiação ao recusar a vida pelo Amor divino (a Árvore da Vida) e optar pelo Pecado Original (a Árvore da Gnose). É nisto que consiste, realmente, a “semente de Lúcifer”: a decisão humana livre e totalmente imputável de se rebelar contra o Amor divino, imitando a rebelião dos anjos caídos. Essa é a primeira correção necessária: não foi Deus quem rejeitou seus filhos, mas foram eles que o rejeitaram.

Daí em diante, o homem, movido por seu Pacto com Lúcifer (o Pacto Ouroboros), perpetuou a sua rebelião na Terra, mediante o Pecado Original, produzindo a sua própria filiação gerada como Obras da Carne, uma filiação submetida à maldição divina de Gen 3,22 que perdura enquanto perdurar a desobediência, ou seja, a prática do Pecado Original.

Essa é a ordem correta dos fatos.

Os seres humanos não “desejaram ser livres”, mas sim rebeldes e soberbos, na presunção de viver sem o Amor divino. Não quiseram sair “debaixo do jugo”, mas da Graça, exatamente como os Avari.

Mas a Graça extraordinária de Deus, movida por sua infinita Misericórdia, produziu o recurso sempre suficiente do Perdão e da filiação adotiva, em favor daqueles que foram gerados à partir do pecado das Obras da Carne, bastando tão somente que quaisquer destes descendentes do pecado rejeitem a rebelião e decidam pela aceitação do Amor divino. Essa Graça, que sempre operou, manifestou-se de forma eminente e definitiva na Revelação do Filho de Deus, Jesus Cristo, para a libertação de todos que desejarem a Salvação.

Com relação a essa suposição de que “o que o Bode representa”, isto é, o espírito de rebelião e desobediência, “faz parte do mais íntimo do ser humano”, isto é apenas mais uma mentira, entre tantas.

O que faz parte da intimidade humana é a Liberdade de escolha, especialmente a de confiar ou desconfiar do Amor divino.

Quanto ao suposto problema de “como fazer morrer o desejo”, isto não faz sentido nenhum. Deus não quer matar nenhum desejo humano, mas quer que aprendamos a dirigir todos os nossos desejos a Ele, que é o único que pode desfazer a confusão e nos purificar dos enganos a que fomos submetidos pelo nascimento nesta condição decaída e amaldiçoada. Deus é o guardião dos nossos desejos: repousamos Nele e dirigimos a Ele todas as nossas esperanças. Não é preciso manter o desejo “aprisionado”. Ao contrário: tentando ser felizes por nós mesmos, somos prisioneiros e escravos do pecado, isto é, do engano de procurar a felicidade sem Deus. Já ao dirigir todos os nossos desejos à Deus, estamos livre da desgraçada ilusão de crer que produziremos a nossa própria felicidade.

O testemunho da rebelião apenas reproduz, para maior vergonha daqueles que se submetem a esse espírito, a grande confusão, ignorância e estupidez que resulta desse estado.

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