Citações L0030-012 e 013, em O Descortinar da Alta Magia, de Daniel MASTRAL.


Aqui encontramos finalmente um indício sólido, depois de dois volumes e meio de trabalho literário-autobiográfico, da qualidade espiritual da obra de Mastral, já que ele tende a cair ou ao menos a levar ao engano do espírito da Ingenuidade.
Isto se dá por duas razões.
A primeira é mais universal e óbvia: este mundo já jaz no Maligno. Lúcifer não precisa fazer mais nada para que seu domínio seja “completo e inexpugnável”, ele já o fez quando fez pacto com os primeiros pais de toda a humanidade, Adão e Eva, ou ao menos com todos os nossos ascendentes que ratificaram a decisão mitológica em atos que implicam a mesma imputabilidade moral.
Há muitas evidências disso, mas entre as mais claras está a declaração do próprio Ouroboros diante de Jesus na última tentação do deserto: “porque tudo isto me pertence, e eu dou a quem eu quiser“. Isto poderia ser uma mentira, mas daí toda a tentação careceria de credibilidade, de modo que a mentira não estava nesse domínio, mas no pedido de louvor no lugar de Deus, onde justamente Jesus se recusou a fazer aquilo que Adão e Eva fizeram.
Embora a evolução do processo histórico nos leve necessariamente para mais perto do governo do Anticristo, como cúmulo do domínio de Lúcifer sobre este mundo, isto apenas implica numa manifestação mais clara de uma realidade que já é atual. Jesus mesmo disse que seu Reino não é deste mundo. As esferas de influência e domínio estão bem claras. E sendo assim, o testemunho desses ativistas e militantes satanistas só faz sentido no muito pequeno e mesquinho contexto das suas breves vidas de vaidade e vazio.
A segunda razão, e esta sim mais substancial para o discernimento da Ingenuidade, é a alegação de que o Mal combate especificamente a atuação e o crescimento das igrejas chamadas Evangélicas. Esta caracterização é parte do mecanismo da Dialética do Ouroboros: toda vez que uma religião é preterida ou preferida como caminho de salvação, isto só funciona para dividir e causar discórdia.
O que salva é o Amor de Deus, e o testemunho que revela a Salvação é o do Evangelho.
O Evangelho é a Boa Notícia de que Deus nos ama como um Pai.
Essa notícia é propriedade do Espírito Santo que pode inspirar a quem quiser, do jeito que quiser, sem precisar prestar contas para quaisquer criaturas, nem mesmo aos anjos, quanto menos aos seres humanos, com suas confusas religiões e culturas, etc.
Lúcifer e sua gangue não tem nenhum poder para impedir que o Espírito Santo faça o que quiser. O poder é exercido sobre as vítimas que são tentadas a evitar a Presença de Deus, e a cair nas várias mentiras da Idolatria. Ainda assim, enquanto existir prerrogativas legais da parte dos prejudicados, nada pode impedir a ação divina.
É, portanto, apenas indiretamente que Deus precisa fazer algum uso das organizações das religiões cristãs sobre a Terra, e ainda assim Ele as usa como bem entender, sem precisar dar satisfações aos espíritos infernais. Pelos meios de que dispõe, e que são incontáveis e que estão fora do controle alheio, Deus pode converter tanto um Católico quanto um Evangélico, quanto um Ortodoxo ou um Ateu, etc.
Pior, há o crescimento do fenômeno dos cristãos que seguem a Jesus e acreditam no Evangelho sem a participação em nenhum culto religioso institucional. A Obra de Deus não se interrompe, como se vê.
Assim, a diminuição do número de fiéis religiosos, ou mesmo de fiéis declarados por controles estatísticos sob qualquer denominação, não significa nada realmente, ainda mais em face da descarada e óbvia corrupção das Religiões que leva massas de pessoas a omitir ou negligenciar qualquer forma social de religião, embora pessoalmente possa viver com proximidade indeterminada ao Espírito Santo.
O máximo que o testemunho citado produz é a angústia de um sentimento de urgência que pode levar uma pessoa ingênua a endossar soluções religiosas quaisquer, como se Deus estivesse precisando de uma ajudinha.
Resta, então, a questão: por que Mastral quer nos colocar dentro da “salvação” da Igreja Evangélica?