Neste diálogo que antecipa a investigação aristotélica das Categorias, Platão investiga o problema do Ser na discussão da atividade dos sofistas, através da conversa entre o Estrangeiro de Eleia (discípulo de Parmênides), e o jovem Teeteto.
Desejando sobretudo denunciar a figura do sofista, busca-se determinar como este produz um discurso sobre aquilo que não é, e desta busca se chega no problema de como é possível que o discurso sobre aquilo que não é seja algo que é.
Hoje em dia este tipo de argumentação pareceria dispensável, até certo ponto ao menos, mas precisamos recordar que a já muito desenvolvida linguagem atual dependeu dessas muitas definições prévias de conceitos e categorias. Somos herdeiros desses esforços ancestrais.
No que tem até hoje a maior importância filosófica, o Sofista mostra que há uma relação entre o Ser e o Não-Ser, uma relação que se dá pelo movimento em torno da permanência, ou ainda da manifestação do Múltiplo a partir da Unidade. Ainda não se alcança, ontologicamente, a precisão da Mônada, isto é, da Substância Simples. Mas algum caminho nesta direção já era certamente trilhado.
Já no que tem de mais enganoso, o Sofista propõe uma excelência filosófica muito mais ideal do que real, partindo da sólida posição de Humildade de Sócrates para os tenebrosos sonhos da Razão humana. Bastaria verificar que o bom idealismo só poderia ser transcendental, isto é, dirigido a Deus, para colocar a boa intenção dos filósofos acima do engano dos sofistas não por uma virtude humana, mas divina, e portanto não como uma realidade, mas como uma esperança. Os filósofos, assim, estariam sempre acima dos sofistas não por serem melhores, mas por desejarem o que é melhor: por amarem a Sabedoria que não lhes pertence, ao invés de presumirem possuí-la através da sua imagem. Mas esta oportunidade foi perdida.
Nota espiritual: 4,1 (Moriquendi)
| Humildade/Presunção | 4 |
| Presença/Idolatria | 4 |
| Louvor/Sedução-Pacto com a Morte | 5 |
| Paixão/Terror-Pacto com o Inferno | 5 |
| Soberania/Gnosticismo | 3 |
| Vigilância/Ingenuidade | 4 |
| Discernimento/Psiquismo | 4 |
| Nota final | 4,1 |