Citação L0032-C04, em Guerreiros da Luz, por Daniel MASTRAL.

Em primeiro lugar, o que significa colocar “tanto uma quanto outra hipótese diante de Deus”?
Significa que o Altíssimo tem realmente alguma obrigação de corresponder a esta expectativa de esclarecimento?
Obviamente que não. Isso é uma temeridade enorme. Quando se força esse entendimento, de algum tipo de obrigação colateral da parte de Deus em face de uma situação qualquer, já se coloca no perigoso terreno da frustração, na melhor das hipóteses, ou mesmo na especulação da interpretação de sinais como exercício de interpretação da vontade divina.
Tudo isso está muito longe do repouso na Presença de Deus, um benefício que depende do amor à liberdade divina de fazer o que bem entender. O mais sábio não é o de buscar a diferenciação de uma situação que esteja determinada ou permitida por Deus, mas sim aceitar o que quer que seja arbitrado pelo domínio da Providência.
Jesus Cristo mesmo, o próprio Filho de Deus, nos ensina a pedir especialmente, e eminentemente, que “seja feita a Vossa vontade“. Esse desejo pelo arbítrio da vontade divina é totalmente incompatível com a busca da diferenciação entre as coisas que são passíveis de mudança pelo arbítrio humano e as que não são. Essa busca já constitui uma diminuição da vida na Presença, e uma vontade gnóstica de controle.
Em segundo lugar, o que significa “reverter o plano do inimigo”?
Quem disse que qualquer plano do inimigo já não está totalmente considerado, compensado e absorvido pela divina Providência, e isso desde a Eternidade? E, portanto, quem disse que nós, reles míseros seres humanos, tão ignorantes e fracos, temos a capacidade de peticionar por algo melhor do que aquilo que já seria permitido pela Providência, se o desejo do Bem só pode partir do Amor divino sobre nós?
Ou seja, Deus tem o poder de converter o mal que se trama contra nós em um bem, mas nós mesmos não temos essa capacidade. Por isso a nossa total entrega à divina Providência é uma sabedoria muito superior a essa pretensão postulada pelo casal Mastral.
Às vezes o que precisamos, ou seja, o que constitui o nosso maior bem, é justamente que os planos do inimigo se realizem exatamente como foram tramados, pois somente através desses atrevimentos injustos se abre o território de legalidade que permite-nos, por exemplo, sermos abundantemente beneficiados por ações extraordinárias da Graça divina.
Talvez esteja na hora de considerarmos esse aspecto da guerra espiritual, isto é, o outro lado do legalismo.
Assim como o Inferno ganha permissões na exploração de brechas que deixamos abertas pela falha do nosso amor à Deus, o contrário também ocorre: o abuso das injustiças contra os amantes fiéis a Deus cria toda a base jurídica para a proteção e benefício dos mesmos.
Se o casal Mastral estava tão interessado na guerra espiritual, eles deveriam experimentar esse tipo de tática infalível, que é a entrega a Deus de um coração fiel, sem ressalvas e restrições, de modo que cada assalto da parte das forças infernais constitui um motivo para uma exibição mais formidável da Graça divina em nosso favor.
Em suma, a guerra espiritual pertence a Deus. Nosso papel é o da docilidade obediente das ovelhas que seguem o Bom Pastor.