Por um lado, confiar é bom, é melhor que desconfiar.
Por outro lado, “maldito é o homem que confia no homem“.
Como resolver a contradição?
Não existe contradição.
Uma coisa é confiar no Bem através das nossas ações, ou seja, naquilo que de nós depende.
Outra coisa é confiar no Bem através da ação alheia, ou seja, no que depende do arbítrio do outro.
Confiar é bom quando precisamos acreditar na boa ação que fazemos, mesmo que não sejamos reconhecidos por quem quer que seja no mundo, inclusive e especialmente os beneficiários da nossa ação. O bem da ação está nela mesma, e o nosso prazer com o bem tem que vir dessa suficiência.
Confiar é ruim quando precisamos acreditar na boa ação da parte dos outros, quando depositamos qualquer esperança numa bondade que não seja a divina.
Em suma: confie para fazer o bem, porque o próprio bem é confiável em si mesmo, mas não confie para esperar o bem, senão de Deus, como se algo de bom pudesse partir do homem ou do mundo que não tenha origem na bondade divina.