Análise S0008-E01/08, The Chosen, série por Dallas JENKINS.
Na primeira temporada desta série acompanhamos a história de Jesus Cristo do ponto de vista dos seus Apóstolos.
Recapitulemos brevemente os pontos de destaque de cada um dos oito episódios:
- Eu o chamei pelo nome:
Aqui Jesus vai exorcizar os demônios de Maria Madalena, uma tarefa na qual o rabino fariseu Nicodemos falhou. Porém, ele está numa pista boa. Ele diz para sua esposa: “será que Deus não pode ser mais bonito e estranho do que imaginamos?”
Os problemas de Nicodemos, porém, são os bens mundanos que ele ama acima de Deus, como a vida matrimonial, o prestígio como religioso, etc. Sua esposa debocha de sua sinceridade: “este é um compromisso sério. Eles esperam um professor erudito, não um tolo duvidoso e blasfemo.”
- Shabat:
Nicodemos começa a ter algum Discernimento, embora a série faça ao seu modo uma grande valorização do Sábado e das Tradições, em detrimento de culturas supostamente inferiores, como a da brutalidade romana.
- Jesus ama as criancinhas:
Aqui encontramos um testemunho da Presença e da Vigilância contra mestres e família, e a valorização da simplicidade da fé das crianças.
- A rocha sobre a qual foi construída:
Neste episódio, acompanhamos a transição da falta de fé de Simão (Pedro) até a rendição ao poder divino. A esposa de Pedro com muita razão o censura por ele querer resolver tudo sozinho por si mesmo. Ao fim, por ser humilde, ele recebe o resgate, através do milagre da multiplicação dos peixes.
- O presente de casamento:
Num flashback, Jesus chama o Templo de Jerusalém de “casa do meu Pai”. Até certo ponto isto está bom, porque Deus usa o simbolismo das coisas humanas para uma finalidade pedagógica. Mas o símbolo do Templo é ambíguo para os cristãos, dependendo da linhagem, se é mais espiritual ou religiosa.
Jesus aparece muito envolvido na aprovação do matrimônio, no episódio das Bodas de Caná. Ele não está simplesmente presente, abençoando e perdoando, mas parece endossar o costume. É um abuso da linguagem bíblica.
Não se faz referência nenhuma ao sentido do milagre do vinho, ou seja, de que o melhor vem depois, que é a própria Vida Eterna. Mas esse sentido espiritual do melhor vinho ao fim da festa não faria sentido se a festa fosse considerada a própria consumação da felicidade humana.
Foi aqui que a série começou a mostrar o seu comprometimento mais sério com a Tradição Universal, o Culto do Ouroboros.
- Compaixão indescritível:
O discernimento de Nicodemos cresce, Deus é maior que o testemunho (os rolos da Lei), e a Liberdade supera a Tradição (por definição).
Enquanto isso Jesus faz milagres para os judeus não terem desculpas de recusa. Era mais perfeita a confiança sem sinais, mas dessa dependência judaica do Poder nem João Batista escapou. É uma característica do povo de “cerviz dura”.
- Convites:
Neste episódio Jesus chama o fariseu Nicodemos, e o publicano Mateus. Ele avisa aos Apóstolos para pararem de discriminarem, ou o trabalho espiritual vai ficar impossível. Quem não entender o Amor vai ficar para trás na compreensão da Obra divina.
- Eu Sou Ele:
Quanto mais se é investido na vida, menos chance se tem de seguir Jesus. O discipulado custa alguma coisa. Se não custasse, seria a mornidão de Laodicéia.
Vemos os dois casos mais emblemáticos: o da escravidão do rabino Nicodemos que deixa um punhado de ouro mas se recusa a acompanhar os discípulos, e o da liberdade de Mateus que larga tudo para seguir Jesus.
Com a samaritana, ao fim do episódio e da primeira Temporada, descobrimos a revelação de que Deus é adorado no coração humano, sem necessidade de montes nem de templos. Um grande testemunho da vida na Presença.
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Em geral a série é boa, porque o poder libertador do Evangelho supera todas as maquinações religiosas. Vemos a mesma coisa acontecer em todas as Igrejas cristãs.
O problema da série é a Ingenuidade, justamente na falta de distinção entre a virtude espiritual e o defeito religioso, na valorização dos costumes judaicos, do Templo de Jerusalém, etc.
Quem são, afinal, os “Escolhidos”?
É uma raça, uma nação, uma religião?
Ou são todos aqueles que amam a Deus acima de tudo?
São aqueles que possuem o conhecimento (Gnose) a respeito de quem Deus é, pela posse de uma Revelação determinada, ou são aqueles que amam a Deus porque confiam Nele?
Se o grande engano que vai ameaçar os cristãos no fim é o próprio Cristianismo, o Culto do Mashiach ben Yosef, o Jesus da série The Chosen pode ser exatamente esse Filho de José, o Messias Sofredor, preparando o caminho para o Mashiach ben David, o Filho de Davi, o Messias Triunfante, que é ninguém menos que o Anticristo.
Nota espiritual: 5,6 (Calaquendi)
| Humildade/Presunção | 7 |
| Presença/Idolatria | 7 |
| Louvor/Sedução-Pacto com a Morte | 6 |
| Paixão/Terror-Pacto com o Inferno | 5 |
| Soberania/Gnosticismo | 6 |
| Vigilância/Ingenuidade | 3 |
| Discernimento/Psiquismo | 5 |
| Nota final | 5,6 |