“Temos procurado fazer a nossa parte, Ele tem que fazer a Dele.”

Citações L0034-C03/04, em O Treinamento Continua, livro por Daniel MASTRAL.

Screenshot

Embora estas passagens tenham sido atenuadas, mais tarde, por um testemunho maior de entrega (para o nosso alívio), não deixa de ser uma formulação que merece ser comentada e criticada.

Para começar, a tal “unanimidade em todas as pessoas“, como uma “confirmação” da parte de Deus, não faz sentido nenhum. Ao contrário, biblicamente o que nós vemos é a confirmação pela quantidade gerar apenas o testemunho das Trevas, isto em vários casos, mas especialmente no caso da participação do povo no processo contra Jesus. Pedir confirmações para Deus já é um primeiro engano. E tomar a unanimidade dentro de um grupo como manifestação da confirmação de Deus, é outro engano.

Daí Eduardo (Daniel) continua num outro engano, sobre essa questão de que “Deus tem que nos sustentar!“, o que não é verdade desde Gênesis 3. Sob nenhum aspecto a Aliança de Reconciliação através de Jesus Cristo aboliu qualquer decreto divino anterior, e nem a total transcendência da razão divina que governa a Providência e está dispensada de dar suas razões aos seres humanos. Deus nos ama: nosso papel é apenas confiar nisso, repousar no Amor do Pai. Essa é a nossa verdadeira alegria e paz. Os Mastral estão lutando contra o Espírito Santo.

Na próxima citação, Daniel especula sobre o casamento tal como Deus o teria “idealizado”. Isso é uma doutrina humana baseada na Tradição Oral e no costume, e biblicamente na idéia da união carnal que pode (e deve) receber uma interpretação espiritual mais abrangente. Quando fala do “padrão bíblico”, Daniel faz uma série de escolhas nessa visão, e é por isso que afirma, por exemplo, que como homem ele precisa ser o provedor. A adesão dos Mastral ao Tradicionalismo, ou ao idealismo imanentista do passado, fica cada vez mais clara.

Por fim ele chega aos abusos mais tremendos, dizendo que “agora Ele tem que cuidar de nós“, e “Ele tem que fazer a [parte] Dele“, querendo dizer que por ter se convertido e buscado viver com Deus e para Deus, agora isso se converteu numa espécie de direito por contrapartida.

Eu preciso explicar o tamanho dessa ignorância?

O que atenua um pouco esse testemunho é a afirmação, mais tarde, de que é preciso se entregar mais e aceitar o que quer que seja do arbítrio divino, então estas citações merecem a ressalva da sua tempestividade. Apesar disso, que tal tenha sido o pensamento dos Mastral, ou pelo menos de Daniel, já mostra o quanto a conversão pelo meio religioso é fraca, mesmo depois de tantos vai e vens com as igrejas evangélicas. Nem o básico eles sabiam discernir. Do contrário, esse testemunho seria impossível.

Deixe um comentário