O Treinamento Continua, livro por Daniel MASTRAL

Apesar de ser um livro chato, cheio de expressões feias e gerúndios irritantes (muito irritantes!), ao menos em O Treinamento Continua o casal Mastral pôde dar sinais de alguma Humildade em decorrência do seu sofrimento. Infelizmente isso custou muito mais caro do que deveria. Mas parece que entenderam que é preciso aceitar toda a vontade de Deus, o que sempre se resume na docilidade diante do decreto de Gênesis 3. Ainda assim abundam as infantilidades de Isabela, e aquelas expressões meigas que tanto entediam: é “Gatinha” para cá, “Neném” para lá, etc. É preciso ter paciência para ler isto. Se não me tivesse sido dado como tarefa, eu mesmo abandaria a leitura rapidamente.

Neste livro descobrimos, ou confirmamos uma suspeita anteriormente aventada, que Daniel é filho de Marlon, seu iniciador na Irmandade satanista.

O que não ocorre aos autores é o simbolismo desta história, já que bem observados os fatos da realidade da condição humana, desde a perspectiva maior do Pacto Ouroboros (o Pecado Original), todos os filhos gerados pelas Obras da Carne desde Adão são voluntaria ou involuntariamente oferecidos para o diabo como oferta para a continuidade da construção da civilização da Usurpação. Isto é: o que Marlon fez com Daniel nada mais é do que uma ação explícita que revela o sentido do que em geral significa a paternidade em todos os casos.

Ultimamente tenho eu mesmo voltado a esse tema na minha mente com mais profundidade. Percebi que é preciso ter essa clareza específica: embora a RSMM de uma alma indique a conveniência do seu nascimento enquanto Sindar, se todos as almas com o potencial de assumir a contrapartida (maternidade ou paternidade) se recusarem terminantemente a fazê-lo (por não constituir a sua própria RSMM), aquela alma carente desse tipo de experiência da mistura pode ser um novo Adão a qualquer momento, ou, caso precise especificamente da experiência da filiação carnal, pode ser filho ou filha de um Periannath com esta função específica, o que poderia resultar num caso de Simulação total, ou uma mistura de Simulação com Mútua Representação. De qualquer modo, e em qualquer caso, é importante entender, de uma vez por todas, que se uma pessoa precisa experimentar a Queda, isso não exige que nenhuma alma livre seja obrigada a produzir isto, senão por arbítrio da sua própria RSMM.

De resto, o casal continua com suas confusões anteriores, todas produzidas certamente pela sua formação no âmbito da religião cristã (especificamente Evangélica), o que obstrui e complica a pureza da vida espiritual todas as vezes. Vira e mexe Isabela vem com a novidade de tributar graças a um tal de “Jeová Jireh”, supostamente uma mera referência a “o Senhor proverá” de Abraão no caminho do sacrifício, mas porque raios não usa o português, que sabe o que significa com clareza, e mantém o uso de uma língua que não conhece? Deus se torna mais Deus, ou nós nos tornamos seus melhores amantes, se usamos a língua hebraica?

Eles quiseram publicar o livro O Filho do Fogo, mas não em primeiro lugar para dar um testemunho bom para o próximo, e sim para se beneficiarem disso. Quem afirma isso é a nossa amável praticante de sincericídios em massa, Isabela: “esse seria um final absurdo para essa história: eu morrer alguns dias antes da publicação do livro. Se isso acontecer, não tem sentido publicar nada. E dois meses depois da publicação, se Eduardo morrer, também fica sem sentido“. Nenhuma entrega da morte ao comando divino, nenhuma paz e alegria na Providência, só essa maluquice do toma-lá-dá-cá. Gostaria de dizer que Isabela mostra sinais apenas de egoísmo, eventualmente, mas sua carência chega ao ponto do narcisismo muitas vezes, quando ela mostra um desligamento psíquico quase que total das circunstâncias reais de sua vida, e se dispõe a ver o mundo somente desde o ponto de vista de seu capricho pessoal, como uma menina mimada.

Daniel, por outro lado, também continua se comportando irresponsavelmente, faz o que não convém e depois diz que esqueceu, como se estivesse fora de si por uma influência demoníaca, principalmente quando brigava com a esposa, para não ter que dar satisfações pelas suas ações. Muito conveniente. Por que alguém que presa tanto por sua independência e liberdade desejou justamente se casar, ou seja, dividir sua independência e liberdade com outra alma? Ou ele não sabia o que estava fazendo, como grande parte da humanidade, ou, o que é muito pior, sabia o que estava fazendo. Existe a hipótese, por menor que seja, que Daniel tenha empreendido uma grande manipulação no seu casamento com Isabela, já que ela tem a característica de ser muito vulnerável pela sua carência excessiva. Infelizmente, devido ao teor muito fantástico da história como um todo, não podemos descartar essa hipótese de manipulação, e nem que Daniel Mastral não tenha inventado a maior parte das coisas relatadas na coleção Filho do Fogo. Só Deus sabe, e só Deus julga. Mas não podemos ser ingênuos, porque a Vigilância é nossa responsabilidade. Não é culpa nossa que outros queiram nos enganar, mas é culpa nossa se nos deixamos enganar por influência do espírito de Ingenuidade.

Sendo generosos como nos manda o bom Deus, no mínimo Daniel manteve aberta a porta espiritual da ira, o que foi possivelmente o mais antigo e persistente meio de influência dos espíritos infernais.

De modo geral é possível enxergar a obra Filho do Fogo, como um todo (pelo menos até o quarto volume), como um trabalho com a intenção do elogio da Vigilância, embora na prática isso de pouco tenha servido devido ao engano da escolha do outro lado da dialética do Ouroboros como alternativa, isto é, contra o esoterismo gnóstico da Irmandade, a recomendação do exoterismo gnóstico da Religião.

É conveniente para Mastral afirmar que viveu uma história interessante, como experiência real, mas contar com a proteção de uma obra “baseada em fatos reais”, e registrada como Literatura de Ficção. Qual foi a porcentagem de ganhos auferidos pela confusão, perante o público geral, entre realidade e ficção? Quando Daniel afirma que ele, pessoalmente, foi escolhido como o quarto grande líder global debaixo do Anticristo, para encarnar o demônio Leviatã em pessoa, perguntamo-nos: cui bono? Os Mastral.

Nota espiritual: 4,3 (Moriquendi)

Humildade/Presunção6
Presença/Idolatria5
Louvor/Sedução-Pacto com a Morte5
Paixão/Terror-Pacto com o Inferno3
Soberania/Gnosticismo4
Vigilância/Ingenuidade3
Discernimento/Psiquismo4
Nota Final4,3

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