Neste breve diálogo Sócrates questiona o sofista Hípias a respeito de um discurso que este havia proferido sobre o tema da obra de Homero. Foi afirmado que a Ilíada seria um poema que superava em beleza (no sentido lato do kálos grego) a Odisseia pela razão de que Aquiles era um herói superior a Odisseu.
Hípias reafirma a superioridade de Aquiles em virtude da sua postura franca, direta e simples, em contraste com a astúcia dissimulada de Odisseu. Dá seu exemplo inclusive com citação da obra homérica, mas Sócrates questiona isso também com citações, mostrando como Aquiles poderia ser considerado tão ou ainda mais falso do que Odisseu.
Tratando, em seguida, do problema da falsidade, Hípias defende Aquiles afirmando que este, quando faltou com a verdade, o fez involuntariamente, enquanto Odisseu o fazia propositadamente. Mas Sócrates o obriga a admitir que quem faz o mal involuntariamente é pior, no sentido de menos hábil, do que quem o faz voluntariamente, o que tornaria Odisseu superior a Aquiles nos termos do próprio Hípias.
O diálogo termina abruptamente, sem maiores consequências, e com ambos os debatedores assumindo a sua insatisfação com o resultado. Eles não gostam da afirmação de que a capacidade para o mal voluntário constitui uma virtude maior do que a daquele que faz o mal involuntariamente.
Com isto o Hípias Menor parece não ter um sentido filosófico importante, a não ser que destaquemos a veracidade da crítica literária, por assim dizer, feita por Sócrates, o qual aponta que embora Odisseu seja chamado de astuto e ardiloso, não obstante age com franqueza e lealdade, enquanto Aquiles, tido por simples e honesto, nas suas ações mente e manipula. É um eco de uma recomendação da Vigilância, já que o elogio do heroísmo de Aquiles era um costume grego importante, inclusive com função religiosa.
Curiosamente, Sócrates não estaria acusando Homero, mas os tradicionalistas gregos, seguidores e proponentes de costumes etc., mais ou menos como, mutatis mutandis, Jesus nunca teve nenhum problema com Moisés, e sim com os seus supostos seguidores.
Nota espiritual: 5,3 (Calaquendi)
| Humildade/Presunção | 6 |
| Presença/Idolatria | 5 |
| Louvor/Sedução-Pacto com a Morte | 5 |
| Paixão/Terror-Pacto com o Inferno | 5 |
| Soberania/Gnosticismo | 5 |
| Vigilância/Ingenuidade | 6 |
| Discernimento/Psiquismo | 5 |
| Nota final | 5,3 |