Este diálogo tem como tema a avidez, mas também poderia ser dedicado ao problema da hipocrisia, ou ainda mais profundamente, ao da inveja diabólica que detesta o amor ao que é bom, e que o acusa.
O tolo interlocutor de Sócrates, identificado apenas como “Discípulo”, tenta condenar a avidez humana como se esta fosse a origem do mal, mas se atrapalha todo quando precisa definir a avidez e não consegue escapar do desejo que o homem tem pelo que lhe é (ou parece) bom. Ora, mesmo que o ser humano se equivoque muito com relação ao juízo daquilo que é bom, ele não pode se equivocar no desejo do Bem, que é a forma mais absoluta e inegável do Ser. Todo contingente, na sua limitação, busca o que lhe completa, e essa é a sua incontornável causa final.
Sócrates termina o Hiparco com sentenças invencíveis:

O mais importante é observar como uma certa postura de virtuosismo e moralismo se pretende sábia, quando na verdade oculta uma cultura de morte, de negação da vida e do valor da vida, sob o disfarce da dissolução das ilusões do ego e do mundo, e promessas fantasiosas como de “visão beatífica”, “união mística”, etc.
Nota espiritual: 5,7 (Calaquendi)
| Humildade/Presunção | 8 |
| Presença/Idolatria | 5 |
| Louvor/Sedução-Pacto com a Morte | 5 |
| Paixão/Terror-Pacto com o Inferno | 5 |
| Soberania/Gnosticismo | 6 |
| Vigilância/Ingenuidade | 6 |
| Discernimento/Psiquismo | 5 |
| Nota final | 5,7 |