John Wick, filme por Chad STAHELSKI

Assisti os quatro filmes da franquia John Wick: De volta ao jogo (2014), Um novo dia para matar (2017), Parabellum (2019) e Baba Yaga (2023).

Esses filmes não merecem uma análise detalhada, de um por um. Vou fazer apenas este comentário e já valerá para os quatro.

Parece que Keanu Reeves está sempre envolvido com filmes violentos especificamente voltados para a expansão dos limites do que é culturalmente tolerável. Hoje isso deve ter sido esquecido, mas na época do lançamento de filmes como Velocidade Máxima, ou Matrix, essa discussão existiu. Mas é claro que isso já foi esquecido. Nem sei se John Wick chegou sequer a causar alguma discussão, mas se não causou, deveria ter causado.

O protagonista desta série é um homem com um passado violento de envolvimento enquanto mercenário com serviços criminosos, particularmente como assassino.

Depois de muitos sacrifícios para conseguir sua aposentadoria, ele finalmente fica com sua esposa em paz, que era o seu objetivo, até que ela morre subitamente de uma doença (câncer?). O viúvo se consola com seu carro e com seu cachorro, este último um presente de sua falecida esposa.

Por um lance do destino, talvez um tipo de carma, Wick esbarra com mafiosos russos que terminam por lhe roubar o carro e matar o cachorro, e isso basta para que o personagem busque sua vingança que levará quatro filmes para acabar.

No percurso da história desse desgraçado que tinha tão pouco para dar valor em sua vida (literalmente só uma esposa, um carro e um cachorro), a sua vingança o levará a confrontar grandes chefões mafiosos.

Descobriremos as altas instâncias do crime organizado e toda a sua institucionalidade: a rede de hotéis Continental como santuários do crime, os rituais de pactos de sangue, e a Alta Cúpula (ou High Table), cujo líder é um misterioso Ancião que vive no meio de um deserto no norte da África.

Eventualmente Wick conseguirá enfrentar todos os desafios e sair vivo e vingado. Mas o que foi exaltado nestes filmes? O poder e prestígio dessas organizações secretas, a glamourização da violência como recurso legítimo, e a suposta justiça do desejo de vingança do protagonista. São valores abertamente anticristãos.

John Wick deveria ser desprezado como o verme moral que ele é, nem tanto por suas querelas com os criminosos, mas principalmente por sua opacidade espiritual. Hollywood continua educando a juventude para ser no mínimo espiritualmente insensível, quando não ensina mesmo a própria ambição por tudo que há de maligno.

A miséria espiritual de John Wick é revelada já no começo do primeiro filme e constitui todo o seu problema: ele não tem Deus. Se tivesse Deus, não poderia realmente perder a esposa, nem o cachorro, e nem o carro. Tudo o que é amável está eternamente em Deus. De fato, o que John amava de fato era Deus na forma de sua esposa, de seu cachorro, e de seu carro. Sua cruz lhe cobrou o acesso imediato a experiência dessas coisas amáveis, mas Deus é imperdível. E tantas graças quanto poderiam haver foram desprezadas porque John Wick achava que tinha perdido o que há de bom para sempre. Se carregasse seu fardo e confiasse em Deus, poderia ter vivido tantas coisas mais que o aproximariam do Pai, mas ele não quis. Preferiu experimentar essa vingança inútil e desnecessária. A morte já estava pronta para acolher todos os seus algozes, porque a verdadeira vingança é de Deus, e desta ninguém escapa. Mas Wick, querendo se colocar no lugar que não lhe cabia, perdeu o lugar de amor que lhe era destinado. Uma vida perdida em ambição, cegueira e tolice. Será que um próximo filme pode mudar essa sina?

Nota espiritual: 2,7 (Moriquendi)

Humildade/Presunção2
Presença/Idolatria1
Louvor/Sedução-Pacto com a Morte2
Paixão/Terror-Pacto com o Inferno2
Soberania/Gnosticismo5
Vigilância/Ingenuidade4
Discernimento/Psiquismo3
Nota final2,7

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