Gandula espiritual: o que faço e para quem faço

Desejo que todos os meus semelhantes, meus irmãos e irmãs que assim como eu nasceram em cativeiro, continuem firmes até o fim em sua jornada, como um jogador de futebol persiste até o gol (the goal, “a meta”).

Como viver no Brasil e evitar as metáforas futebolísticas? Não aprecio o esporte como o fazia aquele saudoso frasista, mas posso usar as simples imagens dessa unanimidade cultural para transmitir meu próprio recado.

Vejo-me, assim, como uma espécie de gandula espiritual: à beira do campo da vida, pronto para agarrar todas as bolas que querem escapar do campo, e jogando-as de volta ao plano da vida humana, confiando que um desígnio divino as dirige. Meu trabalho é o de servir as almas que repudiam sua condição de existência, para que aprendam a aceitar a Providência e a voltar a sua rejeição ao alvo correto: a mentira da idolatria.

Já que alguns se perguntaram e outros mais o podem fazer mais adiante, convém desde já declarar o que eu faço e para quem eu faço, ou seja, o mandato e o nicho deste trabalho. Isso permite liberar os desinteressados de perder seu tempo com o que não lhes importa, e ao mesmo tempo convidar todos aqueles que descubram um alinhamento de interesses.

O Mandato, ou o que fazemos, já foi declarado antes, mas vou repetir.

É composto de três elementos:

  1. Dar o testemunho de que Deus nos ama e de que nós precisamos de seu Amor;
  2. Dar o testemunho de que todos nós vivemos muito mais baseados em crenças do que em conhecimentos, e de que nos convém, portanto, assumir a responsabilidade integral por elas, com tudo o que elas implicam;
  3. Dar o testemunho de que a Maldição decretada para a limitação da rebelião contra o Amor deve ser aceita com todas as suas consequências, principalmente a morte dos corpos decaídos das pessoas que amamos e do nosso próprio.

Qualquer pessoa que receba esses três testemunhos tem a possibilidade posterior de aceitá-los ou de rejeitá-los, integralmente ou em partes.

Porém, meu intuito não é o de dar estes testemunhos indiscriminadamente a qualquer um, mas especificamente para as bolas jogadas para fora do campo, por assim dizer. Isto é, para as almas que já iniciaram uma jornada espiritual própria de busca através da primeira fase, que é a de negação do valor da vida de idolatria. Esse buscador espiritual já é capaz de intuir de algum modo o vazio da mentira dos ídolos, assim como já deve sentir as dores do despertencimento e da disfuncionalidade num mundo que já não lhe faz mais sentido.

O Nicho, ou a pessoa a quem dirigimos o serviço explicado no Mandato, é a pessoa chamada por Deus naquela fala de Jesus em Mt 11:28-30:

Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas, pois meu jugo é suave e meu fardo é leve.”

A pessoa que acredita neste chamado deve ser servida.

Até o Fim do Mundo, ela não pode ser abandonada à própria sorte, enquanto existir um único cristão que ainda possa dar o testemunho da Vida Boa, da Boa Notícia, isto é, da salvação que Jesus Cristo nos trouxe.

A quem não se identifique com o Nicho e nem se interesse pelo Mandato, o recado é claro: não tenho como lhe servir. Vá e viva como achar que deve. Meu dever é estar pronto para lhe servir se isso for necessário. Se um dia você precisar de mim, eu estarei lá por ti. O ideal é que nenhuma bola caia fora, mas se alguma perigar de cair, o gandula precisa estar lá para fazer o seu serviço.

A quem se identifique, o convite está aí para aprender tudo o que for conveniente para o transcorrer de sua própria jornada espiritual.

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