
Em uma linha totalmente independente e na verdade diretamente contrária à moralidade conservadora das religiões, a moralidade cristã verdadeira, baseada num discernimento espiritual que favorece a consciência e a responsabilidade individual, leva a uma constante e progressiva libertação do ser humano por si mesmo.
Para entender este processo é preciso distinguir claramente entre o que é a moralidade religiosa, e o que é a moralidade espiritual.
A primeira é formada por uma tradição cuja função principal é a preservação do status quo, ou seja, é uma moralidade fundada na continuidade de todo o esquema de poder, e contra qualquer libertação que perturbe essa realidade.
A segunda é formada por um discernimento espiritual através do qual o Espírito Santo esclarece a supremacia do Amor e a necessidade do jubileu moral, da libertação de toda servidão através da renúncia ao Poder de todos os modos não determinados pela Providência divina através das circunstâncias históricas.
Isto quer dizer que a libertação cristã verdadeira é uma ação divina que faz uso da consciência humana para levar as pessoas que são amigas de Deus a uma solução contra a escravidão criada pelos atos ancestrais de usurpação contra o Amor divino. É a rejeição da tradição e das justificativas dos costumes de opressão das vítimas dos vários esquemas de poder instalados neste mundo decaído.
Podemos identificar, dentro deste processo como um todo, ao menos três grandes eras de libertação do ser humano:
- Libertação dos Escravos: Era da emancipação dos servos tratados como posse material de seus proprietários, de modo que possam vender seus serviços conforme desejarem, algo que não diminui a escravidão da Maldição, mas retira ou atenua uma escravidão adicional do Poder humano;
- Libertação das Mulheres: Era de emancipação das mulheres, principalmente de seus papéis de esposas e mães, de modo que possam escolher o seu destino com maior autonomia, inclusive o dos papéis familiares se desejarem, mas sem que sejam forçadas a nada e sem que sejam diminuídas caso escolham viver alheias ao que é tradicionalmente esperado delas (vivemos no começo desta era);
- Libertação dos Filhos: Era de emancipação dos filhos pelo reconhecimento do direitos dos não concebidos de serem poupados do nascimento em condições amaldiçoadas, e de serem criados por uma autoridade legítima em circunstâncias adequadas ao que merecem.
É claro que o Ouroboros, a Antiga Serpente do Mundo, não deseja perder seu poder, e pretende lutar contra o processo de libertação do ser humano, especialmente contra a última era, a da liberação da descendência.
Isso pode ser feito com desculpas humanitárias, em nome da defesa da espécie humana, ou algo assim, com a proposta de uma solução estatal, como por exemplo a criação de seres humanos por um sistema que colete o DNA da população com essa finalidade de engenharia genética e social, como sugerido por Huxley em Admirável Mundo Novo. Mas este já é outro assunto para outro dia.