
No intuito de demonstrar como não faz sentido aplicar o entendimento da traição primordial contra Deus na forma do Pacto Ouroboros para o julgamento de pais e mães, convém que exploremos algumas razões pelas quais estes possam se beneficiar da compreensão desse fenômeno, o que nos leva a praticar a caridade para com eles, no lugar de qualquer condenação.
1. Reconciliação com Deus: Qualquer pessoa que perceba a razão pela qual veio a nascer neste mundo tem a oportunidade imediata de reconciliar-se com Deus, observando que o Criador apenas protege a nossa liberdade por determinação do seu propósito amoroso, não restando qualquer dúvida na justificação da ação divina. Todos podem ficar em paz com Deus ao perceber que o mal entrou no mundo apesar do desígnio divino, e que o primeiro a ter sido traído pelo intuito maligno foi Ele próprio, o nosso Criador, antes que qualquer um de nós tivesse nascido;
2. Reconciliação com seus pais: É muito fácil, ao perceber o grau da perversidade da mentira do Ouroboros, ver como os nossos antepassados, até a geração dos nossos pais e incluindo esta, foram todos enganados e usados para a manutenção do mal, contra o seu próprio melhor interesse. Se são culpáveis por um crime de omissão ou comissão pretensiosa, muito mais ainda são perdoáveis por terem nascido todos em cativeiro como nós mesmos, sendo muito difícil a escolha da ruptura com o Pacto, ainda mais para eles do que para nós, conforme progride a noção moral de libertação dos filhos e do direito dos não-concebidos;
3. Reconciliação com seus filhos: Não foi por uma fatalidade ou uma determinação inescapável que tais filhos tenham nascido assim ou assado, e dado este ou aquele tipo de experiência frustrante ou de sofrimento. Cientes de que foram usados por um propósito espiritual enganoso, pais e mães podem se reconciliar com seus filhos vendo-os como vítimas iguais a si mesmos de um grande esquema de poder que governa este mundo. Vendo a vida humana de forma mais simples, como o que ela é, podem cuidar uns dos outros com muito maior paz e alegria, até porque não exigirão triunfos e sucessos absurdos da sua descendência, agora que a verdade lhes foi revelada. É mais fácil sobreviver em humildade e esperar uma salvação pela Graça (o fardo leve e o jugo suave de Jesus), do que conquistar a felicidade como um produto ensoberbado da ação humana que só traz maiores sofrimentos;
4. Vigilância e Discernimento: O mundo perde sua opacidade, e agora toda medida pode ser calculada considerando o sentido espiritual da vida num mundo decaído e governado por potências traidoras do Amor divino. É possível viver desprezando a farsa e a mentira, sem cair em um medo paralisante, contando com um Discernimento que não vem mais da cultura de legitimação e normalização gerada pelos Bispos do Sistema da Besta, mas do Deus verdadeiro através de seu Espírito Santo, amigo de todos os que são amigos de Deus;
5. Testemunho qualificado: Com a compreensão da profunda verdade por trás da realidade em que vivemos, esses pais e mães podem dar testemunho qualificado de sua própria experiência, em primeiro lugar aos seus próprios filhos e em seguida a todo o mundo. Na minha trajetória eu sempre fiquei impressionado com esse poder de testemunho que pais e mães podem dar, quando entendem a realidade que viveram e vivem, e quando não temem compartilhar a sua visão mesmo quando isso pareça depor contra a sua imagem. Isto está entre os testemunhos mais poderosos e qualificados a respeito do Pacto Ouroboros, diretamente pelas palavras daqueles que o experimentaram que não temem a sua denúncia.
É para a salvação de todos que recebemos a Boa Notícia do Amor de Deus através do testemunho de Jesus Cristo. Que ninguém pense, em grande equívoco, que o conhecimento dos meios pelos quais o mal veio a dominar a Terra sirva para a separação entre bons e maus por ações desqualificadas. É justamente o contrário que ocorre: a separação pela escolha livre, consciente e responsável. E neste intuito, o testemunho da verdade sempre beneficiará aqueles que desejam a liberdade do verdadeiro Amor.