Uma definição provisória, mas necessária, de Mônada

Independentemente do que se possa entender por Mônada em Leibniz, que certamente me influenciou muito, convém trabalhar numa definição que se faz necessária ao esclarecimento da minha Monadofilia, embora esta deva ser obrigatoriamente provisória. Não tenho condições de sustentar verdades definitivas na minha pequenez. Deste modo, o que chamo de “definição” pode não passar de “ensaio de definição”.

Mas vamos lá, qual seria a tal definição, ou esboço de?

Mônada é uma unidade espiritual, metafísica e ontológica, capaz de ser tanto sujeito quanto objeto da experiência do amor.

Amor, como já defini antes, é o desejo que o amante tem pelo bem do amado.

Uma das maiores complicações na ontologia geral é a derivação do físico a partir do metafísico, já que isso requer uma certa decadência da contemplação do simples ao raciocínio do complexo. É assim que à influência de Leibniz preciso somar a de um Plotino, voltando ao fundamento dos princípios da razão suficiente, que é um ato contemplativo que pode ser vivido, mas não explicado. Disso não se deveria considerar que o idealismo é irracional, mas, antes, que ele é racional num nível que não nos pertence, que é o do próprio Logos divino. É muito abuso, ou pretensão, supor que o que escapa da razão humana é irracional.

Digo isso para que fique claro que considero as filosofias das evidências, demonstrações e raciocínios inferior à Filosofia como modo de honrar a Verdade no que ela tem de mais divino: sua inefabilidade e transcendência, um reflexo de Deus como Abscôndito, Inalcançável. E é por essa razão que não me importo em trabalhar o sentido de Mônada no meu próprio sistema com a composição dos corpos, por exemplo. Aliás, não alcançou já a Física moderna um tal nível de sofisticação que mostrou a fraqueza desse tipo de idéia?

Em torno do bom e velho conceito de substância, e entendendo o mundo desde um ponto de vista espiritual, o que me importou foi localizar os seres na sua relação bem definida com o Criador e entre si, desde o ideal do Bem. E esses foram localizados, no meu ponto de vista, como essas substâncias irredutíveis da experiência do amor como amados e amantes, sempre com vistas ao Bem como causa final e suprema de todas as coisas.

A derivação de uma manifestação material a partir de qualquer mônada é tão imediata e espontânea como é o reflexo de uma imagem num espelho. A causalidade eficiente que gera tal manifestação pode ser complexa o quanto for, e entreter a mente humana indefinidamente, mas isso se dá de forma totalmente alheia ao processo fundamental que ordena todos os seres a uma destinação excelente definida pela natureza amorosa de Deus.

É por isso que esse tipo de filosofia naturalista é uma prática inferior e mais ou menos dispensável para a humanidade, a não ser que seja um hobby para alguém que goste de pensar nessas coisas.

Assim como Deus é a Luz da luz, a origem não material da matéria-prima, ou melhor, supramaterial, ou metamaterial, também toda mônada é capaz de uma criatividade ad nihil a partir da concessão amorosa da potência divina.

Uma linha pode ser uma extensão formada por pontos não extensos porque a unidade é a forma do ser. Estranho seria qualquer coisa ser formada por uma substância que não fosse nada ela mesma. Sem a Unidade não há Multiplicidade. O mundo das extensões puras não criadas, ou seja, não derivadas do arbítrio divino, é um mundo impossível. É da Unidade primordial de Deus que derivam todos os seres contingentes, e da Mônada suprema incriada que derivam todas as mônadas criadas, das quais deriva toda a realidade extensa possível em consequência.

Deixe um comentário