Estando certamente e por definição mais pertos do Fim como nunca antes, convém fazer alguns esclarecimentos tempestivos para que não haja confusão sobre o que é especulação e o que é crença firme na minha visão espiritual das coisas.
Primeiramente, com relação a questão da Trindade, recentemente eu disse que não via como tão necessária a pessoa do Espírito Santo quanto a de Jesus Cristo, exatamente porque a salvação reconhecendo Jesus como o Filho de Deus deve ser considerada sempre suficiente. Dizia eu que o que mais importa ao cristão é que reconheça em Jesus a revelação de Deus como Pai e Filho, já que isto revela a perfeição do Amor divino na própria essência de quem Deus é.
Mas isto não quer dizer que prudentemente não possamos considerar o Espírito Santo como pessoa, na nossa guerra aberta contra a Tradição. Não foi isto o que eu quis dizer, isto é, que não se deve considerar o Espírito Santo como pessoa divina. Meu problema é, como continua sendo, crer por convicção e não por costume. E isso porque o costume é o veículo da Cabala, da Tradição, que contaminou todas as religiões do mundo para produzir um grande engano com relação a quem Deus é e com relação ao sentido da condição humana neste mundo.
Isto quer dizer que a qualquer momento o Espírito Santo de Deus pode me esclarecer a sua pessoalidade quando isso lhe for conveniente para o propósito da minha mais perfeita conversão à Revelação de Deus. Cabe a Ele, e não a mim, assim o decidir. Vejam que até na minha linguagem eu já me alinho com todos os cristãos trinitários, atribuindo ação divina ao Espírito Santo. E de fato não tenho nenhum problema com isso deste modo, porque está muito de acordo com a natureza da santidade do Altíssimo.
Podemos ter problemas com a manifestação do Espírito em modos que possam ser falíveis, isto é, aparições, prodígios, milagres, etc.
Só para dar um exemplo, recentemente ouvi a exposição de um trinitário bastante escolado no tema, mostrando mais uma perversão talmúdica, que seria a equivalência do Anjo do Senhor a uma entidade criada com dignidade superior a dos anjos, mas inferior à de Deus, chamada Metatron. Isto é, para não reconhecer a pessoa do Espírito Santo, que tomou a forma de Anjo do Senhor nesta ou naquela situação, os rabinos deram um jeito de reconhecer um Anjo que teria a perfeição do Nome em si como um procurador, sem compartilhar a substância divina.
Isso nos indica que a Santíssima Trindade poderia ter sido reconhecida com mais facilidade se não fosse uma obstrução da tradição judaica. Mas a tradição cristã supostamente teria vencido isso e trazido a Verdade ao conhecimento dos fiéis. Acredito que possa ter sido assim e, para ficar bem claro, não vou disputar a doutrina da Trindade divina. E não o farei porque não o preciso fazer, simples assim. Não tenho nenhum problema com essa crença, desde que ela não fere qualquer princípio fundamental da vida espiritual.
Mas eis que se eu tivesse que reconhecer a pessoalidade do Espírito Santo numa atuação manifestada de tal maneira que eu pudesse dizer “sim” ou “não” em uma situação concreta, como um teste, eu teria que recuar com o Temor do Senhor, o medo do mal, porque o Apóstolo já alertou que Satanás pode se apresentar como Anjo de Luz, tendo sido Lúcifer desde o princípio. Esta questão é muito preciosa para mim, na linha do que está escrito: “é sem mentira que se cumprirá a Palavra“. Ou seja: assim como é um grande erro testar o Amor de Deus, é um grande erro supor que Deus queira nos testar para ser dignos do seu Amor. Tendo sempre o Amor como premissa, e não como conclusão, entendo que é parte constituinte da misericórdia do Espírito Santo de Deus que não condicione nenhum ser humano a uma situação de risco, de temeridade, de jogo, e bem ao contrário, que Ele entregue o seu Amor incondicionalmente como já o fez, esperando que façamos o mesmo. É uma doação mútua de confiança, e não de cobranças e testes, como pode pensar uma crendice bastante corrompida e supersticiosa.
Outro esclarecimento tempestivo concerne a questão da pregação cristã.
Uma coisa é afirmar que a Igreja, ou seja, aqueles que receberam a Revelação Cristã e que acreditam em Jesus Cristo realmente, tenha a eleição divina da Salvação.
Outra coisa é afirmar que a Igreja tem toda a salvação possível, de modo que quem não receber a Revelação ou não acreditar em Jesus Cristo plenamente, na forma da religião cristã, não possa ser salvo de forma nenhuma.
Existe um plano excelente de Salvação a que todo cristão deve aderir integralmente: o de dar o testemunho da verdade em que crê. Essa é a nossa tarefa de pregação ao próximo, o que não tem nada a ver com proselitismo religioso. A ação religiosa apenas reforça a Tradição Primordial a qual está conectada, e afasta as pessoas de Deus. Pessoalmente, individualmente, monadofilicamente, podemos e devemos dar o testemunho toda e cada vez em que isso for circunstancialmente apontado como um dever de estado pela ação da Providência divina. Ou seja, a pregação cristã não deve violar a soberania da consciência individual que recebe o dom do Discernimento do Espírito, de modo que é sempre uma ação singular e nunca uma ação coletiva, religiosa, eclesiástica, etc.
Dito isso, apesar do plano excelente de Deus, “muitos são chamados, mas poucos são escolhidos“, e “estreita é a porta“.
Há muitos religiosos que querem se achar como aqueles fariseus, partes de uma elite minoritária de salvos, mas a questão não é essa.
Deus esclarece-nos que nada pode ultrapassar o seu gesto de salvação, senão a liberdade da vontade humana que Ele mesmo nos concedeu.
É por isso que há duas Ressurreições: uma para os santos, os eleitos, aqueles que disseram “sim” sem a evidência do Bem, por pureza da sua confiança, e uma outra para os perdidos, aqueles que não foram capazes de dizer o mesmo “sim” por falta de confiança, mas a quem o Amor de Deus pode salvar por mérito da Sua própria glorificação.
Na minha terminologia falo dos destinos dos nascidos Sindar que podem ser Noldor ou Falmari, participando respectivamente da Primeira Ressurreição, ou da Segunda Ressurreição.
Não entendam mal: o Dia do Juízo Final é para a condenação de todos aqueles que não confiaram no Amor de Deus.
Mas aqueles que são chamados de volta à vida o são para viver, e não para morrer, porque Deus não faz uso da Justiça sem a perfeição da Misericórdia: é para que se declarem culpados e arrependidos, em terrível humilhação, que os Falmari, os Últimos, ressuscitarão. E com a sua anuência ao Amor, o Eterno será muito mais glorificado e exaltado por toda a Criação.
Posso ter dado, equivocadamente, a impressão de que seria contra a pregação cristã. Não sou. Não poderia ser! O que eu faço não é um trabalho de pregação?
Aquilo que eu combati e vou combater sempre é a hipocrisia mentirosa da Religião que se pretende santa e mestra, quando já se prostituiu faz tempo com o mundo.
Vamos pregar, sim, graças a Deus, e livres de toda mentira.