A dupla humilhação da Segunda Ressurreição

Diz-se que o Destino se realiza por bem ou por mal, pelo amor ou pela dor.

Talvez em nenhum caso isto seja tão óbvio como na comparação entre a Primeira Ressurreição e a Segunda Ressurreição.

A Segunda Ressurreição é um gesto vastíssimo de salvação da parte do Criador e amante de todas as coisas, o Deus verdadeiro que a tudo fez para o propósito da satisfação do seu Amor.

Já dissemos aqui que este momento, naquele Dia do Juízo Final, é o mais terrível de todos, quando abrir-se-ão os livros que condenarão, de maneira inequívoca e inapelável, todos os que recusaram o Amor de Deus. Isto porque abundarão as razões divinas que mostrarão as muitas oportunidades perdidas para se tomar uma decisão mais razoável e benéfica, e tudo por fraqueza, timidez, medos e vaidades mesquinhas, bobagens que serão muito humilhantes diante da majestade da Glória divina. O desprezo pela salvação se mostrará na sua total indignidade e tolice.

Este momento serve, porém, como já dissemos, para que num último suspiro de vida o ressuscitado se declare culpado sem reservas, atraindo assim, para si, o poder invencível da misericórdia divina, que ninguém tem autoridade ou poder para conter. Só escaparão dessa destinação designada pelo Amor divino as almas obstinadas na sua recusa, que persistirão na sua mentirosa alegação de inocência.

Pois bem, além de toda essa santa humilhação a que todos nós assistiremos, sem exceção, soma-se uma segunda razão humilhante que será revelada na leitura dos livros, quando se mostrará então o quanto foi possível ao poder divino converter todos os males humanos e demoníacos em uma solução aprazível ao Espírito Santo de Deus, de modo que serão revelados como servidores do Altíssimo mesmo aqueles todos que mais furiosamente se recusaram a aceitar o império do Eterno sobre todas as coisas.

Esta é a dupla humilhação: que além de ter recusado o maior de todos os bens, uma alma tenha servido de qualquer modo ao projeto divino de salvação universal, forçados por uma sabedoria providencial inigualável, que é a Arte Divina por excelência.

Não é pouca coisa. Será, de fato, muito humilhante, mas será maravilhoso ao mesmo tempo. Tudo estará pronto e acabado para que qualquer alma ainda capaz de alguma humildade consiga finalmente reconhecer, em seu último suspiro, a Glória do Criador de todas as coisas, e a grandeza do seu Amor.

Para quem quiser meditar mais sobre este tema, recomendo a leitura dos Capítulos 40 a 50 do livro do Gênesis, onde a história de José do Egito evidencia a vitória divina apesar de todas as perversidades humanas que tentam disputar inutilmente contra o triunfo do Bem.

Deixe um comentário