A Questão Abraâmica: O Deus dos cristãos é o mesmo dos judeus e muçulmanos?

Toda vez em que o espírito do Anticristo, aquele que nega que Jesus Cristo seja o Filho de Deus, atua no mundo com uma nova proposta que obviamente viola a verdade revelada, nós aprendemos algo novo sobre como funciona o esquema da mentira.

É uma fatalidade para o inimigo que ele tenha que se mostrar toda vez que avança na conquista de novos poderes neste mundo. Bem acostumado às trevas que lhes são peculiares, o Adversário precisa se esconder não só porque é, como sempre foi, covarde diante do Espírito Santo, mas também porque, sendo mentiroso, a sua exposição à luz sempre evidencia a sua fraqueza, sua verdadeira natureza de perdedor e vencido, humilhado e rebaixado.

Ora, contemporaneamente temos o caso não só da proposta das Leis de Noé (Noahide Laws) pelo messianismo cabalista, como também o dos chamados Acordos de Abraão (Abraham Accords). O primeiro versa sobre a universalização da Torá para as Nações, especialmente na forma da condenação como idolatria, sob pena de capitação, para os cristãos que reconheçam Jesus Cristo como Filho de Deus. E o segundo versa sobre a paz e segurança no Oriente Médio, entre os povos que descendem dos filhos de Abraão, isto é, entre Ismael e Isaac.

Pois bem, nas duas situações judeus e muçulmanos muito convenientemente se irmanam com grande facilidade, podendo reconhecer facilmente o seu deus como o mesmo, tanto quanto reconhecem o seu ancestral comum como o mesmo, o velho Abraão, igualmente Patriarca de Israel e Profeta do Islam.

Na linha do que já investigamos antes a respeito de outros temas próximos, principalmente o da questão da instituição do sacrifício de sangue, é conveniente refletir sobre o que os cristãos verdadeiros têm a ver com essa linhagem judaico e muçulmana, ou melhor, e já indo à conclusão, refletir sobre tudo o que não há em comum entre essas mentalidades.

Se judeus e muçulmanos rejeitam Jesus Cristo como o Filho de Deus, essa decisão lhes associa ao espírito do Anticristo. É por esta razão que podem instalar com suposta justiça os tribunais para a sentença e execução dos cristãos como idólatras, o que aliás farão em associação com os falsos cristãos conduzidos pela maçonaria.

Do mesmo modo, com a sua paz em nome da descendência comum de Abraão, sob o poder da carne e do sangue, tanto judeus quanto muçulmanos rejeitam a descendência cristã de Abraão, sob o poder do Espírito Santo.

Aceitando que o Ouroboros vêm se colocando diante do homem no lugar de Deus desde o início dos tempos, se a exclusividade da libertação vem do Filho de Deus que é o único que pode revelar o Pai (“Eu Sou o Caminho, a Verdade, e a Vida, ninguém vai ao Pai senão por Mim“), é bem possível e até viável que o Deus dos cristãos não seja o mesmo que o dos judeus e muçulmanos, principalmente se verificarmos a negação de Jesus Cristo como o Filho de Deus, e a presunção das obras da carne contra as obras do Espírito na questão da filiação carnal ou espiritual de Abraão.

Muitos cristãos tradicionalistas, escravos do Culto do Ouroboros na forma do Cristianismo, negarão essa possibilidade, justamente pela necessidade da indicação da descendência de Jesus a partir de Abraão. Ora, Jesus mesmo desprezou essa descendência, já que ela servia, assim como o conhecimento da Lei mosaica, apenas para o reconhecimento da sua autoridade, coisa em que os judeus flagrantemente falharam. Ou seja, no que importava a associação com Abraão e Moisés, de nada adiantou que os judeus possuíssem o Antigo Testamento. Pode-se pensar diversamente com a alegação de que os Apóstolos foram os primeiros cristãos enquanto judeus, mas isso viola a realidade da supremacia do Evangelho sobre todas as nações, sendo uma corrupção da verdadeira universalidade da Salvação e do Amor de Deus. Os Apóstolos não aceitaram Jesus Cristo por serem judeus, mas apesar de o serem.

Em nada a escravidão da religião cristã institucionalizada ao Culto do Ouroboros é tão evidente quanto na aceitação do sacrifício de sangue como mandamento divino. E nisso os religiosos se associam, percebendo ou não, com os assassinos de Jesus, os mesmos que até hoje entendem o Cristianismo como manifestação da vontade de Deus de converter as nações ao messianismo judaico.

Aos descendentes carnais de Abraão, entre os quais podem se incluir ao lado dos descendentes de Isaac também os de Ismael, por associação ideológica e espiritual, Jesus disse como continua dizendo: “por isso não me ouvis, pois sois do vosso pai, o diabo“.

De que adiantou a descendência carnal, do sangue de Abraão, se a descendência espiritual daqueles que recusam Jesus Cristo como Filho de Deus os associa com o espírito do Anticristo?

Pior do que tudo isso, obviamente, é a perversão do Cristianismo que se associa com o culto de sangue do paganismo disfarçado.

Sendo assim, devemos condenar totalmente qualquer noção cultural ou histórica de sociedade “judaico-cristã”, bem como o valor da falsa paz dos Acordos de Abraão, já que tudo isso só serve para a execução das Leis de Noé, produzindo a confusão entre o Deus verdadeiro, revelado como Pai pelo Filho, com o falso deus dos judeus e muçulmanos, que é o Ouroboros que institui como principal ritual o assassinato.

Este é o Príncipe deste mundo, um mentiroso, ladrão e assassino: mente sobre ser deus quando não o é, rouba os méritos do Criador colocando-se no lugar santo, e legitima o assassinato de todos os que se opõe à sua maldade, como se isso fosse a obra de Deus.

O verdadeiro filho da promessa veio nos libertar do cativeiro do mundo decaído e amaldiçoado denunciando a traição cometida pelos nossos pais. Ele é quem deu a verdadeira alegria a Abraão, não sendo constituído pela virtude da carne e do sangue, mas da fidelidade espiritual que revelou da forma perfeita que o seu ascendente carnal não pôde fazer.

Do outro lado, o filho da falsa promessa da redenção pelo sangue não só executou o assassinato de Jesus Cristo na cruz, como vai levar o mundo à total apostasia sendo reconhecido no lugar de Deus sendo apenas um homem, filho do pecado, descendente da carne e do sangue de Abraão.

Os judeus dizem que Abraão foi sacrificar Isaac no Monte do Templo.

Os muçulmanos dizem que Abraão foi sacrificar Ismael no Monte do Templo.

Mas o Deus verdadeiro poupou Abraão de fazer o que não poupou a Si mesmo: o Filho de Deus se fez homem para entregar-se como Cordeiro de Deus para ser aceito pelos seus, submetendo-se à rejeição daqueles que o odiaram sem motivo e o executaram injustamente.

Realizou-se assim a Revelação perfeita: a da pureza do Amor de Deus, e ao mesmo tempo a da mentira do Acusador que não resistiu à tentação de condenar Jesus, revelando assim a sua verdadeira natureza assassina.

Do mesmo modo, quando os usurpadores se levantarem para a execução dos cristãos verdadeiros, pelos frutos conhecereis a árvore: os fiés a Deus aceitarão o martírio com a felicidade da confirmação da sua filiação espiritual, ao passo em que os traidores de Deus praticarão a injustiça confirmando a também a sua própria filiação espiritual.

No que Abraão repetiu o pecado de Adão, ele produziu a continuidade da traição contra Deus.

No que Abraão precedeu a virtude de Jesus, ele produziu o testemunho da verdade em favor de Deus.

Quanto aos cristãos religiosos, institucionalizados, principalmente associados com a prática do reconhecimento do ritual de sangue, digo-vos alinhado com a orientação já recebida antes: sai dela, povo meu.

Abraão não pôde sacrificar a sua obstinação por ter uma descendência carnal em imitação ao Pacto de Adão, do qual seu Criador quis lhe poupar. Mas Deus não se poupou de tomar a forma do Filho do Homem para trazer a Redenção a todos os prisioneiros da mentira e da injustiça que quisessem aceitá-lo como o executor do espólio espiritual de Abraão, o que o próprio Abraão não pôde fazer através da descendência do seu sangue.

Amplia-se, assim, o sentido das palavras de Jesus quando este revelou: “antes que Abraão fosse, EU SOU“.

Jesus Cristo é o filho da promessa para a verdadeira redenção que não é da carne nem do sangue, mas do espírito.

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