Como o Novo Israel segue os passos do Antigo

Dada a realidade da individualidade ou singularidade da substância espiritual, segue que todo entendimento da salvação ou da recepção da Graça na forma de uma coletividade implica numa corrupção do desígnio divino.

O Um por natureza criou cada alma na sua unicidade peculiar para a experiência do Amor com a função do exercício da liberdade individual de responder livremente e com total responsabilidade pessoal.

Aliás, pessoalidade é uma característica fundamental da relação amorosa entre os seres, analógica ao Amor perfeito entre Pai e Filho, as Pessoas divinas. Este é um indicativo muito forte do modo elementar de realização dos seres espirituais.

Que sentido faz então afirmar que um povo foi eleito por Deus para a salvação ou recepção da Graça, senão para servir de referência simbólica para a união espiritual da Igreja? Além disso o que nos restaria é a presunção da eleição de uma coletividade contra a consciência de Deus, o que seria absurdo de de esperar como desejo do próprio Criador.

A dispersão na Multiplicidade implica na corrupção da forma da Unidade, a forma mesma escolhida por Deus para a realização do seu projeto de salvação. O que interessa é o assentimento de cada alma, uma por uma, ao Amor divino. A manifestação do conjunto da Igreja em adoração a Deus é um resultado posterior da conversão de cada uma das almas que compõe o Corpo Espiritual de Cristo.

É verdade que o conjunto dos fiéis compõe uma potência de testemunho e confirmação no Espírito Santo que pode atuar a qualquer momento, mas apenas como agente intermediário. Antes o que há é a ação do Deus que moveu essa Igreja, então há a abertura individual para a verdade que a Igreja pode testemunhar, e por fim há a conversão de cada alma que pode reagir livremente às impressões recebidas.

A agência intermediária da coletividade é sempre verificável, mesmo quando pareça ser de outro modo, pelos vários enganos no entendimento das várias relações de causalidade, onde já se tem por costume ignorar as maiores potências tanto da divindade quanto da alma humana como singularidades, como quando Deus, por moção remota dos fatores interferentes, é preterido pela figura mais evidente das causas próximas que foram movidas por aquela Graça original.

Sendo as coisas assim, convém reconhecer como é que o Novo Israel se assemelha ao Antigo Israel, quando justamente o corpo espiritual dos crentes em Deus quer se tornar algo maior que a soma das suas partes, como que tomando propriedade superior à que Deus mesmo definiu como o propósito da salvação de cada alma.

O que Deus desde sempre desejou foi a afirmação da individuação humana capaz de reconhecê-lo na sua majestade. No Dia do Juízo abrir-se-ão os livros: um para cada alma. Não há um livro para o povo eleito, mas para cada eleito, isto é, se realizar o destino da sua eleição.

Todas as igrejas cristãs institucionalizadas, isto é, materializadas na forma de um poder temporal, desde a Igreja Católica até a última denominação protestante inaugurada ontem, incorrem por costume no erro do Israel temporal, carnal, coletivista: o bolchevismo espiritual.

Só há uma Igreja de Cristo, a espiritual da qual Jesus é a cabeça e nós somos o corpo, os crentes de que ele é o Filho de Deus, e é por participação na confissão dessa Revelação que católicos, ortodoxos, evangélicos ou quaisquer outros vão estar lado-a-lado no momento em que a execução das Leis de Noé pedir pela sua morte. Podem ter se estranhado enquanto viviam nas suas peculiaridades, mas reconhecerão uns aos outros na hora do testemunho da verdade. Não o farão, porém, enquanto membros de um grupo religioso, mas a despeito disso, já que as lideranças religiosas, instigadas pelo Falso Profeta (um Papa?), direcionarão as suas ovelhas para que caiam nas garras do Anticristo.

Cada vez que um “cristão” se levanta, como membro de um grupo, para atestar a eleição sua e dos seus contra a perdição de todos os demais, este representa, como Novo Israel, o mesmo vício do Antigo Israel, aquela nação que assassinou seus Profetas até chegar ao cúmulo de pedir a morte do próprio Messias.

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