Já pudemos verificar antes o quanto o idealismo imanentista é pernicioso por esvaziar o poder da imaginação humana, um dom concedido para o Louvor a Deus, para objetos entrópicos de todo tipo de idolatria e causar, com isso, a dispersão das almas em direção ao Vazio.
Convém ampliar esse entendimento com o desenvolvimento de uma ferramenta espiritual e psicológica que corrija o idealismo do erro imanentista ao acerto transcendentalista, a Reflexão YX.
Esta experiência implica na estimativa da realização da nossa Esperança na Vida Eterna pelo encontro de uma subjetividade perfeita (X) com uma objetividade perfeita (Y).
O Eixo X se desenvolve observando a pureza da animação espiritual que Deus concede graciosamente para o aproveitamento de qualquer circunstância externa para a produção da melhor experiência ou, em termos simples, a comunhão com o Espírito Santo que nos torna infalíveis para a felicidade plena a que fomos designados pela Providência.
O Eixo Y se desenvolve observando quaisquer cenas ideais que podem ser acreditadas como manifestações da perfeição da vida, refletindo a expectativa do que seria a criatividade monádica em sua plena capacidade, orientada para a melhor felicidade esperada.
O foco da imaginação se dá no Eixo Y, já que aí é que se encontra o poder de produção de imagens da felicidade, e tal ação deve ser sempre desimpedida de quaisquer elementos da presente experiência de vida decaída e amaldiçoada, principalmente: a) a necessidade da escassez, b) a inviolabilidade das causas, e c) a irreversibilidade dos efeitos.
Já o Eixo X serve para o reconhecimento da total dependência ao Amor de Deus para a realização da imagem projetada no Eixo Y, de vez que não temos nem o poder de desejar o bem, nem o de aceitá-lo na sua perfeição, e nem o de criá-lo. A comunhão com Espírito Santo, representada por este Eixo X, implica tanto na infalibilidade dos nossos desejos e da capacidade de fruição dos mesmos, quanto no poder de atualizar aquela criatividade monádica que no Eixo Y é refletida apenas como virtualidade.
Em outras palavras: devemos imaginar justamente o que nos é impossível realizar, seja por pureza e bondade de intenção, ou por capacidade de criação ou experiência, mas que constitui justamente o objeto mais excelente como reflexo da maior felicidade que possamos intuir (Eixo Y), de modo que fique óbvio que apenas o Amor de Deus graciosamente concedido ao nosso ser nos permitirá experimentar a felicidade mais plena, tanto pela perfeição da nossa subjetividade, quanto pela perfeição da objetividade realizada pelo poder divino concedido para a realização da nossa criatividade monádica (Eixo X).
Qualquer pessoa que queira viver bem com Deus tem à sua disposição esse recurso de um idealismo sadio que não leva a nenhuma frustração com a vida no mundo presente, já que a experiência presente é secundada pela expectativa do ideal justificado pela crença mais perfeita que é a que se ampara no Amor divino.
Ao contrário, esse tipo de idealismo transcendental, bem ajustado ao seu objeto mais justo, que é a vida paradisíaca com Deus, permite um relaxamento mais pleno com a aceitação das limitações atuais, bem como um convívio mais caridoso e paciente com o próximo que pode ser a qualquer momento reconhecido como uma alma convidada à mesma promessa que recebemos.
É com o dom da Esperança plena que nos reconciliamos com Deus e com o Próximo, atentos ao que se prepara para o futuro, às expensas das imperfeições presentes que nos foram impostas por seres desarmoniosos e infelizes que rejeitaram a promessa do Amor divino.
Se atentarmos bem, veremos que o Apóstolo, em suas grandes exortações a favor do Amor e da Salvação, estava falando exatamente deste poder que temos de nos conectarmos imediatamente à perfeição do destino designado pelo Altíssimo. Igualmente, entendemos porque o Eterno é chamado de “A Rocha” por sobre a qual podemos finalmente repousar, desiludidos e desenganados a respeito da realidade do mundo em que nascemos. E assim tudo fica bem para quem confia no Bem, usando de recursos já disponíveis para a finalidade dessa Esperança.