O Japão contra o Ouroboros

É muito interessante observar como as duas ferramentas fundamentais do governo do diabo sobre este mundo, isto é, (1) a reprodução da próxima safra de escravos, e (2) a manutenção destas novas safras sob império das religiões, são corroídas com o desenvolvimento humano na forma de prosperidade material e então das liberdades civis correspondentes ao fortalecimento da classe média.

Por esta razão o Conservadorismo é a arma mais formidável do Ouroboros para governar o mundo (como já expliquei no meu livro A Coruscância, no capítulo “O diabo, esse conservador”), tornando toda possibilidade de liberdade absurda sob a falsa Revolução exterior gnóstica que promove valores anti-humanos, de modo a levar uma humanidade assustada a agarrar para sua proteção todo tipo de solução reacionária, na forma dos costumes que reforçam o Ouroboros, como uma tribo amedrontada se prostrando diante de seu totem.

Entre as nações que mais desafiam o império do Ouroboros encontramos o Japão.

Peço que observem os seguintes mapas:

A) Importância da Religião:

B) Importância da Religião:

C) Taxa de Natalidade:

D) Equidade econômica ajustada pelo Desenvolvimento Humano:

Com as ilustrações acima podemos visualizar duas informações importantes sobre os japoneses:

1) que eles não acham que a prática de uma religião seja algo importante para as suas vidas;

2) que eles não estão interessados em encarnar novas almas neste mundo amaldiçoado, já que taxa de natalidade média do país fica abaixo dos 2.0, que é a taxa mínima de reposição da população.

Inversamente, tanto a importância da religião quanto a taxa de natalidade são altas justamente nos países com menor desenvolvimento humano e econômico, como em boa parte da África, do Oriente Médio, e parcialmente na América Latina.

No Japão temos uma sociedade que já se desenvolveu por tempo suficiente para que as novas gerações tirassem as conclusões mais óbvias a respeito da condição humana, contra o Pacto Ouroboros, algo que lhes foi permitido justamente pelo encontro das duas variáveis em questão.

Vejam que em outras sociedades razoavelmente desenvolvidas também por tempo suficiente, e talvez até por mais tempo, principalmente como o caso dos Estados Unidos, não vemos o mesmo fenômeno. E isso pela razão muito simples de que os EUA foram fundados sob a forte influência da tradição do Cristianismo e da Maçonaria, braços da Tradição Primordial como desenvolvimentos posteriores do Judaísmo.

No caso do Japão, a invasão cultural da Tradição Primordial pela via do Cristianismo jesuítico foi bloqueada e exterminada pelo shogunato Tokugawa.

Dir-se-ia que o Shintoísmo, ou mesmo o Budismo, ambos presentes na cultura japonesa, são manifestações da mesma Tradição Primordial subordinada ao Ouroboros. Porém observamos pelos fatos mesmo que estas culturas não possuem a mesma força de submissão que o Cristianismo ou o Islamismo, por exemplo, já que o povo japonês flagrantemente prefere se abster tanto da prática religiosa quanto da reprodução de descendência, coisa que não se permitiria fazer se tivesse sido convertido por qualquer tradição abraâmica.

Isto quer dizer que se em outros países, como nos EUA, a redução da natalidade entra em choque contra uma resistência cultural provinda da religião, no Japão o Ouroboros não tem essa defesa à sua disposição, por causa da indiferença da população local com relação a esse tipo de poder (o papel do Bispo no Sistema da Besta).

Convém observar que em outras nações, como no caso da China e da Coréia do Norte, o comunismo ateístico não concede necessariamente liberdade contra o Ouroboros, já que a natalidade pode ser incentivada ou até mesmo exigida por força de um governo totalitário que tem entre as suas metas mais óbvias a conservação da sua existência. Porém, também aí o japonês sempre se destacou da média ao seu redor, sendo extremamente contrário a todo tipo de socialismo político importado do exterior, já que tem acesso a uma forma interna de amparo coletivo que funciona bem por si. É um país com uma das menores desigualdades sociais do mundo em relação ao seu desenvolvimento econômico (imagem D) e, ao mesmo tempo, um dos mais contrários a toda utopia política do tipo de revolução externa gnóstica e messiânica que contaminou as nações atacadas pelo comunismo. Os japoneses não querem fundar o paraíso na Terra: eles querem ir embora daqui.

O Japão pode, assim, maravilhosamente, escapar duplamente do Ouroboros, da sua dialética perversa, constituindo-se como uma nação disposta a aceitar espontaneamente a sua extinção voluntária como resultado de um progresso moral.

Dificilmente poderemos encontrar esse grau de renúncia voluntária ao poder na sua forma mais elementar, que é a da subsistência na condição decaída e amaldiçoada, em qualquer outra nação do mundo no mesmo grau, talvez com a exceção da Coréia do Sul, e mesmo assim nem tanto porque a Coréia do Sul sofreu uma maior invasão do Cristianismo.

Na Europa os países escandinavos são os candidatos mais óbvios a seguir o exemplo japonês, mas com o agravante da participação num organismo político maior, o da União Européia, o que dá alguma permeabilidade a influência de outras culturas através do processo migratório, especialmente na forma do Islamismo.

No Japão, além dos elementos culturais já assinalados, tem-se ainda uma forte cultura isolacionista contra a imigração.

Tudo isso junto leva ao provável cenário de um grande declínio populacional naquela nação.

Seria o Japão o primeiro país na fila da aceitação plena do sentido do decreto da Maldição de Gênesis 3? Uma nação disposta a voltar ao pó?

Uma coisa é certa: o Ouroboros não deve estar nada feliz com a liberdade japonesa contra os seus mecanismos de controle, o que nos leva a crer que a Nova Ordem Mundial deve querer agir contra o Japão de modo especial, no mínimo com a intenção de conter essa cultura de liberdade para que não se corra o risco de que ela se espalhe pelo mundo.

A liberdade é, afinal, perigosamente contagiante.

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