O Cristianismo é o culto do Mashiach ben Yoseph para preparar o mundo para a chegada do Anticristo e a implantação das Leis de Noé.
Ou pelo menos é assim que parece que as coisas são quando associamos a probabilidade da ambiguidade bíblica entre o culto do Amor e o do Poder com a forma com que os cristãos religiosos estão sendo enquadrados pelos proponentes do noeísmo.
Digo por mim mesmo, neste blog já recebi comunicações de quem tivesse conexão com essa agenda, justamente para indicar que o que o cristão chama de “Graça” tem uma função religiosa bem diferente dentro do cabalismo, significando, etimologicamente, “Sacrifício”. A observação dessa alegação me fez prestar atenção à importância do sacrifício de sangue dentro da soteriologia cristã.
Se você procurar, como eu fiz, pela pergunta “Jesus tinha que morrer?“, ou “Did Jesus have to die?“, você só vai encontrar as expressões confirmativas, mesmo na forma de questão, como “Por que Jesus tinha que morrer?“, ou “Why did Jesus have to die?“, subentendendo sempre que essa necessidade está acima de qualquer suspeita.
Seria de se supor que as explicações fossem todas muito convincentes a esse respeito, porém o que encontramos é o atendimento à antiga Lei, chamada mosaica (já veremos como isso é questionável), principalmente com as indicações no Livro de Hebreus. Se o sacrifício de sangue for retirado da equação, toda essa “salvação” cai por terra imediatamente.
Mas convém que todo e qualquer cristão seja capaz de apelar imediatamente para as razões da sua Fé, como diria o Apóstolo Pedro, sem precisar fundar a sua crença num dogma inquestionável. Mistérios existem, sem dúvida, e devem ser aceitos na sua inefabilidade. Mas será que a Salvação é tão misteriosa assim? Será que não existe uma deliberada confusão religiosa com a intenção de manter como prisioneiros da mentira as vítimas do Ouroboros?
Podemos seguir uma linha simples e clara de raciocínio para verificar a viabilidade do sacrifício de sangue como pagamento pelos pecados. Lembrando que não se trata aqui de questionar a intercessão e a petição de salvação, quando estas coisas são puras, ou seja, baseadas com exclusividade na Graça divina. Estamos tratando da crença de que para que haja remissão dos pecados seja preciso derramar sangue (Heb 9).
E que o sim seja sim, e o não seja não, sem meias palavras.
Questão 1: Jesus tinha que morrer?
Sim ou não?
Se não, então já escapamos do paradigma do sacrifício de sangue. Jesus não tinha que morrer: ele tinha que ser reconhecido como o Filho de Deus e Rei dos Reis. Foi assassinado injustamente, e na Cruz sacrificou a sua majestade e provou duplamente tanto o Amor do Pai quanto a mentira assassina do Acusador. A Salvação não se dá por magia de sangue, mas pela aceitação do Amor de Deus, especialmente na forma de Misericórdia através de um arrependimento sincero por toda participação na traição contra Deus das Obras da Carne.
Se sim, cabe então uma próxima pergunta.
Questão 2: Quem matou Jesus tinha a liberdade de não fazê-lo?
Se não, então não é uma ação de responsabilidade imputável, de modo que isso equivaleria a dizer que Jesus se matou, ou ainda que não teve nenhum sentido a petição dele na Cruz quando disse “perdoa-os, eles não sabem o que fazem“. Se eles não sabiam o que faziam, praticavam um mal, ainda que ignorantes da natureza de seu ato. Em suma, se não fossem livres para decidir da forma que decidiram, os assassinos de Jesus não seriam assassinos, e sim executores da Justiça divina. Se a Crucificação foi real e moralmente substantiva, ela não pode ser uma farsa. Essa hipótese deve ser descartada como absurdo.
Se sim, cabe-nos então uma última pergunta.
Questão 3: Quem matou Jesus praticou o Bem?
Se não, então Jesus não tinha que morrer: sua execução foi um assassinato. Saímos novamente do paradigma.
Se sim, então voltamos ao absurdo da negativa anterior, ou até pior que isso. Pois não só Jesus seria novamente, neste caso, uma espécie de suicida, como também seria absurdo o seu pedido de perdão a favor dos seus assassinos, que não seriam homicidas, mas executores do Bem.
O Cordeiro de Deus não se entregou em sacrifício para a morte certa, como forma de Justiça, pois essa só poderia ser exigida por Deus mesmo.
Ele se entregou para ser reconhecido na majestade do Amor sem defesas, de modo que a crença na Graça fosse pura da parte dos fiéis, como é de fato até hoje e será até o Fim dos Tempos.
Uma questão final talvez se imponha como a decisiva:
Quem pediu pelo sangue de Jesus?
Se o sacrifício de sangue é legítimo, isto quer dizer que a divindade, como na pessoa do Pai, pediria pelo sangue de uma vítima de sacrifício, como o do Filho. E se assim fosse, novamente nos caberia reconhecer que a morte de Jesus não seria uma injustiça, e seus assassinos não seriam imputáveis.
Por outro lado, se o sacrifício não era legítimo, quem pediu pelo sangue de Jesus foi o Acusador, o Pai da Mentira, que se coloca diante dos homens no lugar de Deus.
A verdade do sacrifício da Cruz foi a da entrega de Jesus à condição de Filho de Homem para que pela sua inocência ficasse provada a bondade de Deus e a maldade do Acusador.
Satisfazendo-se injustamente com o sangue do Cordeiro de Deus, a Serpente do Mundo, o Ouroboros, expôs a sua verdadeira natureza, não a de Promotor de Justiça, mas de Mentiroso e Assassino.
Assim, a Religião Cristã, ou Cristianismo, independente de sua forma mais ou menos tradicional, está ligada ao culto do assassinato como ritual de sangue iniciado pelo Ouroboros desde o princípio dos tempos.
E, cabalisticamente, isso se conecta com o mito messiânico judaico que reconhece, com Maimônides e muitos outros, que em Jesus realizou-se a profecia concernente ao Mashiach ben Yoseph, com a função de converter as nações à Torá e preparar o mundo para a chegada do seu Maschiach ben David, o Messias Triunfante, que implantará então as Leis de Noé num mundo previamente preparado pelo Messias Sofredor.
A verdade é que o verdadeiro Messias é um só, e que ele já veio como Cordeiro Sofredor para os seus, até que os tempos se completem e ele volte como Leão Triunfante para o Juízo Final. É preciso que o trigo cresça junto com o joio, para que no tempo da colheita o agricultor possa fazer a separação entre eles.
Jesus disse que não veio abolir a Lei, mas levá-la a perfeição.
Mas de que Lei ele está falando?
Da Lei de Moisés, na forma dos Dez Mandamentos determinados diretamente pela autoridade divina, ou da Lei de Aarão, na forma da Legislação Levítica e Sacerdotal, inventada pelos homens a partir do que aprenderam com seus pactos com o Ouroboros, desde a Tradição Primordial?
Sendo a verdadeira Lei mosaica aquela que os judeus desprezaram, já que se amassem a ela, reconheceriam o seu verdadeiro Messias, o aperfeiçoamento que Jesus trouxe foi a revelação do Pai e do seu Amor, com os definitivos Mandamentos de amor a Deus e ao próximo.
O Cristianismo é o culto do Maschiach ben Yoseph para a conversão das nações à autoridade da Besta, o falso deus que instaurou o culto mentiroso do derramamento do sangue do Cordeiro de Deus como administração da Justiça. Revelando a sua própria verdade, o Anticristo reiniciará no Terceiro Templo as ofertas de sangue, até que estas sejam cessadas na Grande Tribulação, antes do Fim dos Tempos.
Durante muitos séculos e para muitos povos o Ouroboros pôde sustentar a legitimidade da continuidade da traição contra o Amor de Deus com base na mentira, com a anuência dos fiéis que viveram seus tempos de usurpação e miséria sustentados pelo culto do sacrifício do Cordeiro. E Deus assim o permitiu, até a consumação dos tempos, para que a sua colheita fosse a mais completa.
Nenhuma religião se sustenta espiritualmente, de vez que a substância da vida espiritual é a vida na Presença de Deus, a realidade individual de cada alma totalmente independente das aparências.
Muito menos ainda se sustenta o Cristianismo, na perfídia da mentira travestida de uma verdade muito próxima, mas sempre omitida.
Tire de qualquer Religião, inclusive da Cristã, as funções de lavanderia moral, validação da superstição e cultura sentimentalista, e o que sobrará? A ignorância equivalente a de qualquer paganismo.
O ponto central do entendimento desta verdade, para os cristãos, é a observação da pureza da santidade da Graça divina em contraste com a graça que não é divina justamente por não ser gratuita, mas somente um produto de troca na espelunca espiritual do diabo, esse farsante.