“Tomados da velha perspectiva imediatista.”

Citação L0036-C02, em Os Intelectuais e a Sociedade, livro por Thomas SOWELL.

Os líderes e representantes do Sistema da Besta vivem de explorar o sofrimento com promessas de falsas soluções, e em nenhum momento a premissa da perpetuidade é questionada seja por socialistas ou por liberais.

Sowell questiona, com razão, as políticas imediatistas que reinstauram uma situação que poderia (e deveria) ser imediatamente constatada como de alto risco. Os mesmos líderes políticos que gastam o dinheiro público com o resgate de populações que vivem em áreas de risco de desastres naturais mais tarde usam de seu poder e dos recursos estatais para reinstalar essas populações nas mesmas áreas, ou seja, perpetuam a condição problemática que justifica a sua existência como agentes públicos.

Lula, por exemplo, aqui no Brasil, deu graças a Deus pela “pandemia”, porque isso reabilitaria a visão pública da necessidade de um Governo e um Estado forte. Estamos muito perto de uma confissão de que certos problemas públicos são necessários para se justificar certas soluções públicas.

O que Sowell não assume, porém, é que não há nenhuma condição “com um histórico definido e cujo futuro pode ser previsto” mais antecipável do que a da escravidão de uma humanidade que deve servir ao ideal de progresso civilizacional, como aqueles antigos escravos do Faraó. Por que Sowell não questiona a validade desse projeto? Porque ele serve a esse projeto, como liberal, tanto quanto qualquer outro intelectual socialistas também serve, apenas com sinais trocados. Se não servisse, Sowell poderia imediatamente questionar a conveniência dessa perspectiva.

É óbvio que os amantes do projeto, como Sowell, vão afirmar que nunca antes na história da humanidade os seres humanos foram tão capazes de garantir uma qualidade de vida tão elevada, com os confortos promovidos pelo progresso tecnológico, econômico, etc., comparando-se com os dados históricos.

Isso pode até ser verdade, mas não muda os fatos mais brutais da equação:

1- Que nenhuma alma jamais foi encarnada com seu consentimento, ou seja, a participação no projeto do progresso da humanidade é tratada como compulsória, produzida por um fait accompli;

2- Que nenhum progresso tecnológico e econômico pode evitar as dores, traumas e sofrimentos humanos, mas apenas produzir uma condição de remediação e compensação, no espírito da legitimação da Mistura de Luz e Trevas. Por outro lado, existem novas formas de sofrimento geradas pelo mesmo progresso, e que não podem ser desconsideradas nesta equação;

3- Que mesmo que o projeto seja justificado por um progresso futuro que alcance a solução de todos os problemas humanos num futuro distante, além dessa promessa não ter nenhuma garantia de cumprimento, qualquer um ainda terá sempre o poder e o direito de crer que este projeto não convém à verdadeira finalidade da forma substancial do ser humano, e até ao contrário, pode-se crer que este projeto signifique exatamente aquilo que é relatado como empreendimento contrário, por exemplo, ao desígnio divino, como se vê nos relatos a respeito do Dilúvio, da Torre de Babel, e nas profecias a respeito do Apocalipse.

Talvez quem esteja tomado da velha perspectiva imediatista seja o próprio Sowell, já que mesmo sem nenhuma consideração espiritual que releve o desígnio divino, também opta por ignorar a possibilidade de um progresso moral concomitante ao progresso material e tecnológico da humanidade, o que leva por exemplo à queda generalizada das taxas de natalidade.

Sowell serve ao pensamento econômico que traduz o crescimento do PIB como uma benfeitoria social, sempre relativizando o status quo mediante a ameaça de uma miséria muito maior que em nenhum momento ele imagina que possa ser impedida pela mera ruptura do costume do Pecado Original.

É claro que é melhor ter acesso à uma rede de eletricidade, ou de água encanada, do que não ter.

Mas melhor ainda é não precisar de nada disso, considerada a simples hipótese de uma dispensação mais favorável pela provisão de um poder superior cuja autoridade foi usurpada.

Sowell, exatamente do mesmo modo que qualquer socialista que se encontrasse no exato ponto oposto no quadro geral das ideologias do mundo, deixa subentendido que os seres humanos não possuem nenhuma escolha com relação à continuidade da condição humana tal como ela é, por ser um crente naquilo que ele chama de “visão trágica”. Isto é mentira.

Nós temos o poder de fazer uma escolha melhor, e essa escolha foi abundantemente atestada e realizada por vários modelos de santidade, seja no oriente ou no ocidente, e em especial, no quadro da cultura cristã, por ninguém menos que Jesus Cristo, e também pela Virgem Maria.

Não estamos presos à imitação de Adão e Eva, e do Pecado Original.

Mas é claro que o deus deste mundo, a Serpente que se alimenta da perpetuação da Mistura de Luz e Trevas, jamais aprovará que seu Pacto seja denunciado, e tentará de toda forma que a liberdade do Evangelho seja reprimida e deturpada tanto quanto possa, por todos os recursos de que dispõe, entre os quais e especialmente o recurso do domínio da própria Religião Cristã.

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